sábado, 25 de julho de 2015

PACOTÃO DE CRÔNICAS - NOVO LIVRO "TEMPORADA DE CAÇA"




Então, para ficar mais fácil, selecionei os textos daqui, dali e de acolá para consolidar os pensamentos entre 2013 e 2015. Joguei no caldeirão e, usando o título de uma das crônicas montei fora de qualquer ordem cronológica algumas observações sobre as coisas que tenho visto nos últimos tempos.

Que os últimos sejam os primeiros.

Beijos e abraços em todos. Espero que gostem !!!

Está disponível no AQUI: Clube de Autores - "TEMPORADA DE CAÇA" - CLAYTON CRAVEIRO

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O QUÊ SÓ FALTA



Quando meu filho era pequeno - com três ou quatro anos - e a gente precisava passar em qualquer outro lugar antes do destino que falávamos para ele, dizíamos que "só falta passar ali, depois vamos para lá..." Com o tempo, se algo demorava a acontecer, ele perguntava: "o quê só falta, pai ?"
Acho que me adapto a qualquer coisa; azeitona na comida, camisa sem bolso, inflação real de dois dígitos, trem lotado, nhoque congelado, maionese na pizza,...
Enquanto o tempo passa rápido, as coisas vão acontecendo e mudando sem espera. Acabamos pegando a alça do último vagão e seguimos viagem. Mas creio que as relações vão ficando menos estreitas, mais esparsas, e um bocado distantes. Distâncias mensuradas em bandas e conexões rápidas. Temos que nos adaptar também a isso.
Só que têm horas que falta o contato ao vivo, o olhar cara a cara, o abraço, o aperto de mão, a conversa longa, sem compromisso e sem interrupções no papo fiado.
Têm dias que não basta que um programa qualquer me pergunte "No que você está pensando?", ou ser atualizado por outro que me propõe novidades dizendo
"Enquanto você esteve ausente". A timeline daqueles que conheço é insuficiente para permanecer conhecendo. No máximo, atualiza seus históricos de dados e acumula registros de suas vidas em minhas tabelas, falando tecnicamente.
E neste conjunto tecnológico superficial, pessoas que não conheço ficam trocando insultos, travando batalhas de sarcasmo e ódio a respeito de todo e qualquer assunto, atrás de touchs ou teclados, deixando para lá ou exacerbando o que temos de mais humano, ou seja, nos tornando animais humanizados, no pior sentido que os radicais desses termos carregam.
Tá demorando a hora de parar um pouco. De parar de olhar para tela ou para relógio. Agora que as coisas estão assim, percebo "o quê só falta" para o mundo: uma poltrona, um café e uma boa conversa.

sábado, 4 de julho de 2015

ORGULHO DE SER EU MESMO



Como ando sem paciência para entrar em discussões idiotas e sem o menor sentido - pois quem está muito preocupado em estabelecer o que quer que seja, para vida de quem quer que seja, provavelmente não tem tempo de cuidar do que quer que seja da própria vida - esclareço que, em caráter definitivo, pertenço a uma minoria. Assim, levanto aqui minha bandeira, minoritária, mas limpinha:


"ORGULHO DE SER EU MESMO".


Saco cheio de "radicais livres" de todos os lados e opções. Cortem-lhes o microfone. Ou, como disse o careca, que vão caçar uma rola !

Tempos de gente babaca.

Sem paciência. Sem comentários.

Publicado no Facebook em 01/07/2015

INCOMODADO

Sobre o ataque racista à jornalista Maria Júlia Coutinho.

Vamos lá.

Algumas coisas me incomodam.

Porta batendo, abrir ovo podre, gritaria por nada, trocar resistência de chuveiro, topada na quina da cama, injustiças em geral,...

Mas se há algo que me incomoda de fato é o preconceito racial.

Minha cara; minhas porções de pai e mãe; meu DNA misturado de índio, europeu e africano; assim como a maior parte dos nascidos em Pindorama - só me levam a crer que existem pessoas (?) com sérios problemas mentais.

Neste cu do mundo, onde uns ufanam ser uma democracia, o que dizer da imbecilidade coletiva de algumas dúzias de filhos da p#ta que se aproveitam da rede para debochar de alguém que avança em sua atividade com alguma exposição, somente por entenderem que existe alguma diferença entre o injuriante (no caso, o filho da p#ta em questão) e a agredida?

Mas sim, existe uma diferença. A estupidez altiva de quem se considera acima do outro, enquanto boia no buraco do boi.


Como já disse antes, isso é caso de botar em cana. Estarão no local apropriado para novas injúrias.

Que se localize os ofensores e "curtidores" (pois quem curte imbecilidade é imbecil também) e depois, como me dizia um professor: "vaaapo!!!"

Jaula neles !!"

Publicado no Facebook em 03/07/2015

MUDANÇA


Quando eu mudo de casa, invariavelmente volto ao passado. Não, esse não é um texto piegas. É quase uma reclamação. Como acumulo porcaria! Papéis, apostilas, cacarecos que ganho, folhetos que pego por aí, achando que um dia terão serventia, notas de supermercado para comparar preços( devo ser maluco?!), revistas, contas velhas, manuais de aparelhos que nem tenho mais, ... Para quê ?

Não, não sou um acumulador. Ou teria essas e outras muitas coisas em grandes quantidades. Tem gente que leva até lixo para casa. Não é lixo. São as coisas que são guardadas e esquecidas por ali e encontradas em momentos desnecessários, onde até um clipe de papel atravanca o caminho. Tudo prende o batente da porta. Tudo bate na parede estragando ainda mais a gasta pintura. Coisas que eram para ser deixadas para trás. Queria ser um elo perdido. Um nômade só para carregar minhas quinquilharias básicas: minha pele de dente de sabre e uma arpão.

Tá certo, acho outras. Ou ainda revejo as coisas que sempre soube que estavam ali e me davam e dão imensa satisfação. Fotos antigas, carta da mãe, da vó, a camisetinha da escola de séculos atrás, o carrinho miniatura comprado num aeroporto qualquer,... Mas essas, que se fez questão de guardar, tem lugar certo. Ficam por ali no cantinho e provavelmente ficarão para posteridade. Como as canções de um velho CD que em algum momento foi o melhor da sua vida, até que surgiu outro que foi o melhor da sua vida, e outro, e outro... Histórias em reticências. Mas tem a chave de fenda e a porra da fita crepe perdidas na confusão.

Não, não dá para ser piegas em dia de mudança.



terça-feira, 19 de maio de 2015

COISAS ODIOTAS EM ALGUMAS PESSOAS


            

As que mencionam frases feitas como se elas mesmas tivessem escrito e  fossem o novo Satre ou Nietzcshe.

As que não conseguem admitir que estão erradas.

As donas da verdade e para quem a opinião e atos de quem quer que seja deva estar obrigatoriamente alinhados com os seus ou o mundo vira pó.

As que sempre gritam para impor suas vontades, estando certas ou não.

As que acham que enganam todo mundo o tempo todo.

As que acham que a vida se define em argumentos prontos que alguém falou ou escreveu só para limitar outras pessoas.

As recentidas com a vida como se esta nos devesse alguma coisa.

As que querem tomar qualquer situação para si.

As que insistem que todos tem que viver como elas vivem.

As que se metem no que você está fazendo.

As que dão pitaco para você ficar rico mas "optaram" ser pobres.

As puxa-sacos.

As que ficam olhando o que você esta fazendo para copiar.

As que riem sem sentido ou por deboche.

As que não percebem que as coisas evoluem.

As que acham que o passado é melhor que o futuro.

As que não querem superar suas próprias limitações.

As que comem jiló ou azeitona e que querem obrigar a você gostar.

As que escrevem sobre coisas odiotas sobre pessoas odiotas.

domingo, 17 de maio de 2015

CONQUISTAS ou PARA ONDE VAI MINHA TAPIOCA


Ano pré eleitoral, fico só observando o movimento. Me deixa puto qualquer propaganda oficial falando sobre "nossas conquistas".

Se há uma conquista, subentende-se que existiu um desafio acordado entre a população e seja lá qual for o poder que alardea a tal vitória.

Eu, enquanto índio, tomo meu cauim e cuido da minha taba, contribuindo com minha tapioca, mas sem saber em que tigela os caciques vão usá-la. 

Normalmente, só volta o farelo.

Dos projetos e programas veículados na mídia, rádio, tv, outdoor, jornal, placas, folhetos, flyers, e todas as mídias que geram ônus desnecessários, estou farto.

Continuarei achando, até ficar velho, tarado e gagá, que o que fazem em benefício da população, é igual resposta de mãe à nota alta no boletim escolar: nada mais que sua obrigação. Em cada operação financeira, cada produto comprado, cada taxa, tarifa, contribuição que pago, deixo lá minha tapioquinha para o crescimento da tribo.

Então quando fazem propaganda com meu dinheiro dizendo que nome de rua e homenagem a difunto tem alguma relevância objetiva a minha vida ou que, buraco tapado, lixo recolhido, fumacê passando, criança na escola e outras OBRIGAÇÕES são conquistas, dou gargalhada, verbalizo um bom palavrão bem alto e cobro o balanço das contas.

Só podem estar de sacanagem, né ?!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

TEXTO DA MANHÃ ESCRITO À TARDE


Se você estiver lendo isso, é porque provavelmente dá alguma atenção às bobices que escrevo - obrigado - e vem acompanhando a saga da minha bola de gude na vesícula. Assim, como finalmente rolou a tal cirurgia (toquem os clarins !), eis os fatos, pois já passei por isso (um dia explico). Tô meio dããã, mas como bons amigos pediram notícias e para não preocupar ninguém, segue o texto; também dããã.

"Nesta quinta, minha vesícula partiu desta para melhor. Está no céu das vesículas.


"Oh, pedaço de mim.
Oh, metade arrancada de mim..."


Para de show, Clayton !

O troço estava trazendo dor pra cacete! 
Acho que fui o único cara que entrou no centro cirúrgico duas vezes para fazer uma mesma cirurgia em dois dias diferentes. Um caso médico a ser estudado e, provavelmente, processado, se é que me entendem...


Na vez de hoje só lembro de colocar aquela roupinha de hospital que não protege a retaguarda e de ser levado pela enfermeira  para uma sala gelada. E esperar, esperar,...


No episódio de House de hoje, depois, minha abdução, pela manhã, acordei numa banheiro cheia de gelo e um celular. Brincadeira. Meus abdutores me deixaram no quarto com quatro furos na barriga.

Tá doendo ?


Tá. Mas passa logo, mentiram. Por favor, apesar de eu querer muito não me chamem para uma pizza. Por enquanto.

Beijos e abraços aos que mandaram mensagens legais ou me ligaram desde semana passada para saber da minha saúde. Valeu mesmo !!!

Aos que não mandaram, beijos, abraços e um piparote.

Semana que vem recomeço 100% ! Não, agora 99,8%."

FRONTEIRAS



Terça-feira. 18:40. Paciência limitada a 56k.

Ainda mais quando fico sem fazer nada.

Coloquei numa rádio qualquer e está lá o crássico do Welton Djom "Sacri fai cerol".


Mas logo depois rola um Anthony Hamilton para dar certa classe ao meu R&B noturno.

Alugo ela no Whats que não responde. Tem mais o que fazer, certamente. Aí resolvo escrever essas besteiras para passar o tempo. Na tela da tv, que assisto sem som, um monte de mendigos recebendo sopão. O ar condicionado arma e fica  mais barulhento que os meus fones.

Daryl Hall & john Oates. A mais chatinha deles. Irritante a seleção de músicas hoje. Rola Ronca Ronca mais tarde pela web, mas não posso ouvir. Meu pacote diário de "internet lixo azul sem fronteiras" acabou. Preciso de conexão.

Chato pra carai, véi. Se você ler isso na quarta, é porque a TIM venceu. Entra a 

Voz do Brasil. Putz !

A CRIANÇA QUE HAVIA EM MIM


Quando aquele monte de pastéis  que comi em casa, com  recheio de queijo que ajudei a colocar, não bateu bem, percebi que iria parar no hospital. Sem novidades. Já havia acontecido. Numa competição doida de quem comia mais porcarias, coloquei para dentro em uma tarde a mistura de joelhos, pastel chinês, sorvete, dois hambúrgueres de fast food e muita Coca-Cola. Eu tinha 
dezessete anos.

Ok, percebi que papo agora era outro. Vinte e oito anos e trinta quilos a mais, fazem uma certa diferença. As coisas mudam um pouquinho.
Deu para perceber, depois de visitar meia dúzia de médicos, fazer mais de uma dúzia de exames e passar a dizer "oi" na emergência do pronto socorro.

Gastrite, hérnia de hiato, cristais nos rins, gordura no fígado e um cálculo enorme na vesícula. Chega, né !?

Todos os médicos me "acusavam" de obesidade. Logo eu que durante muito tempo passei no "grupo" do sobrepeso. Bom, as dores que senti durante essas últimas semanas, me fizeram seguir uma dieta rígida pela primeira vez na vida.

Tô me sentindo meio animal de circo, "motivado" pela dor, mas perdi dezessete quilos. Tinha uma criança de dois anos em mim e eu não sabia. Acho que vou ter que parir pelo menos mais dois bebês para ajustar o IMC.

O HUMOR E O RECRUTADOR


Ultimamente, todas as vezes que algum humorista concede uma entrevista em um programa de tv, fico pensando em processos seletivos. Recrutadores fazem invariavelmente as mesmas perguntas: foi fácil chegar aqui ? Quais foram suas maiores realizações ? Quais suas maiores virtudes ? E seus maiores defeitos ? E bla bla blá... Qualquer ator medíocre passaria com tudo decorado, pelo menos, pela primeira fase. Um dia inventarão recrutadores que não sigam cartilhas.
No caso dos humoristas, depois de meia dúzia de perguntas idiotas, vem a célebre e irritante: qual o limite do humor ?

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PAUSA SAUDOSA: Saudades do Abujamra que invariavelmente questionava três vezes ao final de cada programa a sinuosa: O QUE É A VIDA ? 
Para a mesma pergunta repetida com sua enorme carga dramática, obtinha a resposta do "recrutador", a resposta de "validação", e a resposta desconfortável que o velho provocador queria. Era muito bom. Era muito Abu.


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Para responder ao "recrutador" da tv, se eu fosse humorista, teria o texto decorado, ator medíocre que sou. Diria que cresci vendo Buster Keaton e Chaplin e, já adulto, Rowan Atkinson, enrolando os outros ou se enrolando, sem dizer uma só palavra. Vi uma genial velha surda desabando em um banco de praça. Vi Bud Spencer e Terence Hill fazendo gaiatices no velho Oeste. Vi um senhor chamado Ronald Golias improvisar até a última risada. Assisti M.A.S.H. algumas vezes. Vi o Mussum chamar o Didi de cabeça chata e receber de volta o chamado de "grande pássaro de ébano". Ouvi Costinha, impagável, incorporando "a bichinha" paupérrima. Chico de "Painho", "Véio Zuza" e "Pantaleão". Jô de "Reizinho" e "Gardelon". Gargalhei com tudo do Monty Python e sua versão nacional TV Pirata. Me rendi ao humor do Saturday Night Life e dos dois Jerrys, o Lewis e o Seinfeld. Gastei muitas páginas de MAD. Li e me diverti com Veríssimo, Novaes, Millôr, Flávio Rangel e Ivan Lessa. Percebi o sarcasmo visual dos Caruzo, do Henfil e do Jaguar. Casseta Popular e Planeta Diário, melhores no papel que na tv. Hoje, mesmo com muitas temporadas, me divirto com os Simpsons e South Park sem qualquer constrangimento. Estas eram e são algumas das minhas fontes de riso. Perguntaria de volta: eles se impunham ou se impõe limites?

Propositalmente, não relaciono nenhum humorista da dita "nova geração". Eles ainda trilham seus caminhos. E são bons caminhos.


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Nunca fui dodói.

Não há melhor escola de humor que a "adolescência cruel". Lógico, desde que você leia, ouça e aprenda passar por ela sabendo que um trem pode passar também a qualquer momento, e entendendo que há grande diferença entre ter amigos sacanas e conhecidos grosseiros - aliás, esses merecem as "melhores" piadas, desde que você consiga correr mais que eles.

Vejo que o que se pratica hoje, nada mais é do que a boa zoeira adolescente ou aquela da mesa de bar. Só que os assuntos são sérios demais para alguns. Esse é o pior problema: os que não tem humor algum. Os que carregam suas vidas na ponta da faca. Os dodóis têm para todos os gostos: políticos, religiosos, étnicos, "lgbtistas", feministas, machistas, bipolares, narcisistas, depressivos, haters, fascistas, clubistas, swingers, ricos, pobres, bem resolvidos sexualmente, celibatários, onanistas físicos e mentais, otorrinolaringologistas (sempre quis usar isso num texto :-p ), etc.
Limite ? Ultrapasse. 

Schumy...Rubinho...Entendeu,né ?! Hoje sim, ok ?!
Alguns irão praguejar sua alma. Outros podem entrar atirando com capuzes. Outros ainda podem virar processos. Ou seja, tudo depende do quanto você está disposto ou não para os que não gostam de você; se você tem um bom colete à prova de balas; e o quanto sobra na sua conta bancária para depositar em juízo. Tirando isso, pode exercer seu humor à vontade. O humor é empreendedor. Não passa por processo seletivo.


O pessoal de RH vai praguejar...

QUANTO VALE O SHOW ?



Quando minha mãe ficava assistindo aos domingos ao Programa Sílvio Santos o dia inteiro, eu reclamava muito. "Pô, mãe, todo domingo é a mesma coisa...". Queria entender o que havia tão especial naquilo. Só tínhamos uma Telefunken colorida em casa e uma tv/rádio dessas de acampamento, onde vez por outra assistia fórmula 1  aos domingos, ou um filme qualquer em outro canal que não fosse a TVS - como era chamado o SBT naquela época. Como a "microtela" de uma tv em preto e branco - na verdade embassado e cinza - era diversão de índio, acabava assistindo ao Homem do Baú. Afinal de contas, hoje entendo que ele faz parte da história da comunicação por aqui. Rá-rai...

O último programa era o "Quanto Vale o Show", onde Araci de Almeida dava alguns mangotes para os calouros, e onde descobri que Décio Pitinini e  Nelson Rubens eram coisas nossas - ok, ok...
Boa parte das pessoas que iam, queriam ser valorizados; ganhar alguns "mangotes"; aparecer, se realmente tivessem talento, ou iam simplesmente pela farra.


E aí eu te pergunto (Marcelo Rezende fala isso a cada dez minutos): quanto vale o seu show ?


Existe alguma coisa que você, e só você, saiba fazer de um jeito único, especial, criativo e acha que mereça ser valorizado?

Hoje vi que um quadro do Picasso chegou ao preço de 179,4 milhões de dólares em Nova Yorque.


Tem uma exposição de suas obras rolando por aqui. Obras geniais, sem dúvida.
Veja, o dinheiro de corrupção na Petrobrás que está sendo devolvido aos cofres públicos não paga a obra de Picasso.

Como é dado o valor a estas obras ou a qualquer tipo de manifestação artística ? Quanto valeria o que você faz ?


Quem sabe você é um gênio do mundo das artes...

Melhor do que estar em delação premiada.

ALIVIANDO O PALHAÇO



Tem certas historinhas que não engulo.

Comi muito Big Mac (aquele que não dá sangue) pois sei que ele é feito de dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles e um pão com gergelim. E comi alguns deles repetindo isso em menos do que os quinze segundos da promoção, entrando e saindo da fila declamando o jingle logo que a loja inaugurou. E não importava se a carne era de minhoca.

Neste momento em que adotei o celibato de fast food, não teria nenhum motivo realmente sério para defender a loja do Ronald. Mas...

Li a noticía que os brinquedos que são oferecidos quando se compra um Mac Lanche Feliz estão sendo alvos de uma ONG pois, segundo esta organização, se aproveitam do imaginário infantil para vender sanduiche para crianças. Implicaram com o desenho "A Hora de Aventura" e os brinquedos com seus personagens. Pergunta: você já comprou para seus filhos e levou um brinquedo desses para casa ? Lá em casa têm alguns deles com mais de dez anos. As traquitanas não quebram !

Queria saber qual o mal nisso?

Empresas promovem produtos para todo tipo de público. O infantil é um segmento que tem que ser atendido. Não se faz propaganda para os pais. Isto é ridículo. Entendo que a decisão ou não de comprar, esta sim, deve ser deles, os pais.

Daqui a pouco vão querer botar um plástico nas capas da Turma da Mônica por atentado violento à imaginação. Ou quem sabe colocar a Barbie de burca. Aquela história sobre as histórias do Monteiro Lobato é outra estupidez.

Algumas mentes distorcidas, parecem querer distorcer o sentido do Estatuto da Criança e do Adolescente para ganhar notoriedade.

E tem a justificativa tosca: "Ah, mas o pai e mãe que não podem pagar vão acabar traumatizando a criança." Estou traumatizado até hoje porque não tive uma bicicleta na infância... palhaçadisse demais.

Preocupação com crianças fora da escola, com o crack, com o tráfico infantil, com pedofilia, com agressão aos infantos, com falta de creches, com mortalidade infantil,... Não ! A prioridade é o bonequinho do Mac Lanche !

Faça-me o favor... vá descabelar palhaço !

sexta-feira, 10 de abril de 2015

SEMANINHA SEM VERGONHA



A semana acaba e eu, que não circulei muito pela rede esta semana para cuidar da saúde, fiquei observando as notícias quando o sinal do wifi deixava ou a TIM esquecia de mim e liberava o seu. Eu por aí, hora aqui outra ali no vai e vem dos quadriz do mundo virtual... 

Acompanhei de longe, meio sem entusiasmo as notícias. 

O chororô do Fred; um incêndio interminável em Santos, contaminando as águas; inflação anual recorde; a cara de pau do Vaccari Neto; filas intermináveis para ver Picasso em SP; dois congressistas fazendo pirraçinha dentro de um avião; desemprego batendo a porta; um idiota ganhando mais de um milhão na TV por ser idiota; a ladainha da política polarizada que já enche o saco e que não vai dar em nada, só servindo para separar ainda mais as pessoas; o Botafogo entendendo que a Taça Guanabara é a Champions League; a senhora presidanta contando mais mentiras mundo afora; e agora, a  foto do gato na escada. 

Na boa, o gato na escada é a notícia mais interessante da semana. 

Ah, e eu acho que ele está descendo.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

DUAS MÃOS


Já ouvi e li em alguns lugares que estamos nos insensibilizando. Que o mal é banalizado demais e, para a maioria, passou a ser corriqueiro.

Será que é assim para todo mundo?

Um grau mínimo de indignação - não a insatisfação com a política; essa, quem não tem, ou mora em plutão ou vive dopado de ansiolíticos - e sensibilidade dá para observar a respeito de alguns acontecimentos que chegam através do PC, do tablet, do smartphone, etc, nos tornando atualizados sobre determinadas notícias e, querendo ou não, tomamos partido desta ou daquela opinião - uns exasperadamente, é  fato. Mas com uma minoria ainda dá para manter um conversa até amigável. Já disse que ultrapassar a fronteira da intransigência vira desrespeito. Aos que ultrapassam essa fronteira, block e pronto. Quem disse que meu perfil é democrático? :-p

Voltando.

Questões que trazem discussões de "primeira ordem" dos jornais, eu vejo a todo momento. Pessoas batem no touch e dão soluções para todos os problemas da terra a todo momento. Os sábios da montanha mágica delirante da WEB. 

Falo daquelas questões que você vê nas ruas, ou as que você sabe por um amigo, por um parente, na fila da van, no boteco da esquina,...?! Os pequenos dramas que, sem precisarem de campanhas, você poderia ajudar ou tornar menos dolorosa a dor ou menos desconfortável o desconforto de alguém. 

Você já fez isso? Não pelo calor de um debate ou não pela sua própria sensação de bem estar e egolatria, mas somente por humanidade? Para bem e para o mal, nossos acertos e erros são exclusivamente humanos. Você já ajudou outro ser da sua espécie somente porque era o certo a ser feito? Anonimamente, sem esperar retribuição, sendo efetivamente solidário? 

Se sim, te admiro sem saber quem você é.

Aos demais, sugiro fazerem isso antes de consertar o planeta de cima da montanha mágica, apenas por que o Facebook pergunta no que você está pensando.

É só uma idéia... Sem muxoxo, ok ?!

terça-feira, 31 de março de 2015

CENTRAL DO BRASIL



Não, você não precisa ir muito longe. 

Está tudo bem ali. O olhar perdido dos meninos da cola e do arrastão, do crack e do furto do cordão, do celular e das canelas finas, da bola e do crasso português.

Circula ali a senhora de olhar cansado pela fadiga - os olhos são esclarecedores -, da bala "Ráus" de cereja para enganar a fome, da blusa de onça, de espírito forte, do hálito de nicotina, das seis viagens por dia, do sono completado no balanço do trem.

E quem mais vem?

O velho de roupa amassada com o suvaco de ontem, o estudante matutino, a moça da loja de utilidades e a outra da lanchonete que vende sucos. Vem também o professor, o auxiliar de pedreiro, o rapaz do TI, a menina do salão, o soldado de meio expediente, o homem da concessionária de motos, a moça alinhada em viscose e a do shortinho saliente.

Correm como loucos para sentar; achar um espaço minimamente confortável no desconforto.

Camelôs passam gritando nos ouvidos de quem dorme o sono mal dormido da segunda, terça, quarta,... Vem contando os trocados e dividindo espaço com o sujeito que pede com papelzinho na mão; dividem um espaço inexistente nos bancos escorregadios e corredores compridos; dividem o riso e a conversa fiada da noite de ontem - falam alto, parece briga, mas são de paz; dividem a tristeza daquele que não vem mais; dividem as cartas da sueca em pé, na ida ou na volta do expediente.

Multiplicam-se precariamente os sonhos de quem estuda para prova chacoalhando ao som do "fanqui" de celular ou do gospel do vendedor de cd pirata. Multiplicam as reclamações pelo aperto, a carestia, o descaso de uma via que dizem ser "super". Engano de enganadores.

Do lado de fora, o calor, o suor, o vapor e gente. Muita gente. Quando a composição "varia", as avarias os deixam a pé sobre os trilhos, nas estações apinhadas na chuva ou no calor. Nossos ouvidos incomodados, descobrem na entrada que que o chip da Tim da Claro e da Vivo com acesso à Internet são cinco reais.


Do lado de dentro, o ar gelado quando não está quebrado, águas, skóis e guarapluses, chocolate quatro por dois - já foram seis por um, uns caras que vendem tapete, outros que vendem chinelo, o velho da bananada "bananiiiinhaaa", o sujeito educado o da empada de dois reais.

São reais. A mistura de gente, drama, batalhas, sorrisos. O preço dessas vidas são muito reais. O apreço a essas vidas tem que ser muito reais.

Um garoto de dezessete ou dezoito anos pergunta para a mesma senhora de olhar cansado, a propósito de uma pesquisa qualquer: "a senhora é feliz?" "Não tenho tempo para pensar nisso" - responde ela, curtida pelo sol que bate pelo vidro da porta.

sexta-feira, 27 de março de 2015

AS SUAS RAZÕES


Tudo fica mais fácil quando seus desejos são respeitados, quando o que você entende como o que é certo acontece sem contestações, quando há alguém que concorde com tudo o que você pensa. Paraíso. Perfeição. 

Lamento, esse mundo de faz de conta não existe. 

Você precisa lidar com opiniões contrárias, rejeições, frustrações, resultados ruins,... Faz parte da vida. Mas ao invés de lamentar, emitir palavrões, grunidos, bater porta, gritar com quem está do seu lado ou com quem você chama de oponente, você pensou na possibilidade de estar errado? Já pensou que podia ser de outro jeito, e o que o outro disse talvez valha a pena e você sequer quis ouvir? 

Têm horas que percebo um bocado de gente que bate mais ou menos com a minha idade, e alguns até mais velhos que eu, ainda estão na adolescência. Nada contra. Quisera eu ser um teen espinhento e viver tudo de novo. Só que tem uma época que a gente tem que crescer, parar de dar tanta importância às coisas que não são tão importantes assim. 

Se a batata frita está murcha, talvez você não tenha chegado cedo o bastante. Se sua escolha foi errada, melhor não culpar a opção - a escolha foi sua. 

Nos últimos dias, mesmo que "a pulso", precisei ser construtivo, positivo, autoestimulado, mesmo com as águas revoltas em volta. Eu quero estar certo e também não custa parar e ouvir com atenção o que tem para ser ouvido. Em uma canção do velho Russo diz na letra: "não falo como você fala mas vejo bem o que você me diz". E ainda: "todos têm suas próprias razões". Jamais devo esquecer que tenho as minhas. Pensando bem, talvez eu ainda seja um lobisomem juvenil.

domingo, 22 de março de 2015

"IIIINSPIRA !! EIIINCHE O PEITO DE AR"



Quando moleque o controle remoto não existia e eu ficava em pé diante da tv girando o botão dos canais que parecia um pouco com com o controle do gás das bocas do fogão. Ah, molecada... Estes daí jamais entenderão... 

Bom, normalmente nos horários que eu estava em casa a TV estava ligada nos canais onde passavam desenhos. Os Herculóides, Corrida Maluca, Os Muppets, Papa Léguas, A Liga da Justiça (Supergêmeos: Ativar !!!) Speed Racer e um monte de desenhos que vez por outra repetem nos canais a cabo. Era época do Capitão Asa, TV Globinho com a Paula Saldanha, etc.

Se eu acordasse cedo, antes dos desenhos, fazia um tour pelos canais e encontrava documentários de esporte ou sobre a natureza com a narração do Léo Batista ou do Sérgio Chapelin. Era legal; meio ESPN meio Net Geo. A mente nunca ficava vazia. 

Mas o que sempre me deixava bobo era a uma senhora chamada Yara Vaz que fazia um programa de ginástica; acho que na TV Educativa. 

Ela, acompanhada de duas ou três alunas que usavam bastões para fazer exercícios matinais. Eu ficava ali bobão admirando a "senhora elástica" realizando os exercícios com mais desenvoltura que suas alunas aparentemente 40, 50 anos mais novas que ela. 

"Iiiinspira !!!" Ordenava. " Eiiinche o peito de ar...." - e eu enquanto não dava a hora do desenho, prendia a respiração e cansava só de ver o que ela fazia.

Admirável a senhora Yara Vaz - para quem não conhece, favor não confundir com Iara Vaz na busca do Google. A segunda tirou proveito do nome e trabalha na mesma atividade. Lembrar que um Y faz toda a diferença.

Porque estou lembrando disso?! 

Minha pequena chegou agora para mim, pedindo a ajudá-la a fazer uns exercícios da fono. Alguns pediam para inspirar e falar algumas palavras soltando o ar, outros, inspirar e emitir alguns fonemas. Lembrei do aquecimento vocal do cantor Edson Cordeiro: "Si - Fu- Si- Fu - Si - FU..."

O último exercício é em pé, inspirando e levantando os braços e expirando soltando o ar lentamente. Era minha chance:

Iiiinspira !! Eiiinche o peito de ar... Iiisso ! Sem sofrimento !!!

Na terceira vez quem precisava de ar era eu.

Quem nasceu para sedentário nunca chega a Yara Vaz...





quinta-feira, 19 de março de 2015

OBRIGADO !



Obrigado, mamãe e papai !!!

Por estimularem a liberdade do meu pensamento.

Por me darem senso crítico para tentar avaliar o certo e o errado.

Por me ensinarem que o meu destino só depende de mim.

Por me darem a mão quando eu precisei.

Por me ensinarem a andar sozinho se fosse preciso.

Por me darem os primeiros livros e incentivarem que eu tirasse minhas próprias conclusões.

Por me fazer entender que devo cuidar do meu próprio nariz pois se me meter na vida dos outros é feio.

Por olharem para mim sem me julgar pelos meus erros mas dando força para os meus acertos. 

Pela bronca quando não passei de ano e a puxada de orelha me fazendo olhar para frente, não para trás.

Por mostrar que perrengue passa logo e que tem horas que são down outras up. E você tem que estar pronto para as duas.

Tinha muito mais a agradecer. A comida na mesa, o remédio, a roupinha legal, o carinho, o cuidado, as horas insones, a escola, as alegrias compartilhadas, o Merthiolate ardido e o sopro, o termômetro, o sorvete gelado, o sorriso antes de dormir,... Não cabe aqui dentro, ó.

Estou tentando ensinar aos seus netos tudo isso.

Obrigado.

terça-feira, 17 de março de 2015

POR ISSO E POR AQUILO




Me mandaram odiar você pois sou pobre e não posso admitir que você ganhe mais que eu.

Me mandaram odiar você pois uso amarelo CBF e você vermelho CCCP.

Me mandaram odiar você pois não devo aceitar que você seja gay e pois na cabeça de quem me mandou odiar, você pode contaminar a sociedade com seu gênero.

Me mandaram odiar você pois seu time é de elite - seja lá o que isso signifique - e o meu popular.

Me mandaram odiar você e repetir o discurso pronto ou as frases de efeito que aparecem no Facebook, Twitter, Instagram e afins.

Me mandaram odiar você em nome da religião que não admite seu modo de vida.

Me mandaram odiar você pois você diverge de tudo que me mandaram odiar.

Me mandaram odiar você e te ofender sempre que possível para demonstrar que sou fodão nesse negócio de odiar mesmo não te conhecendo.

Me mandaram odiar você pois você vê TV e falaram que por isso você não pensa pela sua própria cabeça.

Me mandaram odiar você pois bebo suco e você Coca.

Me mandaram odiar você pois você fez Telecurso e eu estudei na Europa.

Me mandaram odiar você em nome de um moralismo imposto por não sei quem.

Me mandaram odiar você pois sou branco e você é negro.

Me mandaram odiar você pois sou negro e você é branco.

Me mandaram odiar você pois nasci no sul e você no norte.

Me mandaram odiar você pois nasci no norte e você no sul.

Me mandaram odiar você por você estar engajado em apoiar mentiras por convicção, dinheiro, ingenuidade ou desconhecimento - ou tudo isso junto.

Me mandaram odiar você pois minhas roupas são de liquidação e as suas de grife.

Me mandaram odiar você pois você gosta de azeitona e eu de cebola frita.

Me mandaram odiar você pois se você não escolhe a quem deve fazer o bem, é bom que tenha certeza a quem deve odiar também.

Me mandaram odiar você pois tenho que apoiar a violência gratuita, ao invés da conversa desarmada, mesmo que você não concorde com o que me determinam como argumento.


A questão, meu caro, é que não sou babaca e nem acato ordens.


quinta-feira, 12 de março de 2015

MANIFESTANDO


Frederico chegou em casa apressado. Deu boa noite amor e beijou Janete e foi direto para o banheiro.

- Dor de barriga amor?

- Não. Preciso sair logo. Estão me esperando lá embaixo – disse tirando a cueca e jogando no chão.

- Esperando? Você vai aonde?

- Vou me concentrar com o pessoal para marcha em defesa da Petrobrás e luta pelos direitos do Sem Terra.

- Tá maluco Fred ?!

-Não, preciso me manifestar. Essa é a hora!! Não precisa nem preparar o jantar; vai rolar uma quentinha na barraca.

Janete olhava atônita o marido esfregando a espuma do shampoo.
- Frederico Silva. Você só pode estar brincando. Vim correndo do trabalho para preparar o empadão de frango e você quer “manifestar” ?! Baixou espírito ?!

- Janete, querida, me chame de companheiro Silva. Sim hoje vou sair e só volto na segunda-feira.

- Quinta, sexta, sábado e domingo? Vai ficar fazendo o quê na rua?? Tem mulher nessa história Frederico??

- Mulher, mulher... Você acha que homem só pensa em mulher?! Minhas aspirações são patrióticas, Janete. E dia 15 tem outra. Tô lá para pedir a reforma política e o impeachment. Dizem que vai rolar até open bar na concentração... Cadê minha camisa vermelha?

- Frederico, você nunca teve uma camisa vermelha, “tu é gremista”. E se você acha que eu vou ficar aqui sozinha com empadão no forno está muito enganado... 

- Manifesta, Janete; bate panela também !! Domingo, se quiser me acompanhar pode vir. Lá pode você pode chamar de Frederico...

- E se alguém da sexta-feira te encontrar no domingo??

- Eu não pensei nisso. Nesse caso você sai no braço por mim. Direitos iguais, amor...


quarta-feira, 11 de março de 2015

PALAVRAS, PALAVRAS, PALAVRAS



Quando eu era moleque, um antigo texto do Veríssimo descrevia sua percepção a  respeito da sonoridade e uso de algumas palavras. Dizia que algumas delas, talvez foneticamente, tinham o significado errado. Lembro até hoje de uma dessas palavras que até então não conhecia: defenestrar (propício, não?!). 

"Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido de mulheres:
- Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara"

Desde essa época fico caçando palavras que acho que não combinam com o que verdadeiramente são. Semana passada fiz um teste bobinho na internet cujo objetivo era aferir se o sujeito conhece os significados de trinta palavras - na verdade 90, pois cada pergunta tinha três escolhas. Nesta relação apareciam algumas que nunca li mas por associação acertei seu sentido - acho que não aparecem em nenhum léxico. Caíram no desuso ou sequer entraram em uso. 

Lembrei do Veríssimo e pensei em alguns nomes próprios e outros substantivos que poderiam perfeitamente ornar o dicionário com novos significados.

Em tempos de erosões no trato digestivo, surge um super herói cuja origem é eurasiana: "Mylanta Plus. Aquele que com sua capa branca protege as paredes estomacais."

Miley Cyrus: peça encontrada em caminhões fabricados na Europa - "Tenho que comprar uma maileisairus para a correia dentada."

Impeachment poderia ser nome de chiclete - "Mãe compra um "impitmen" de melancia para mim?"

Rastaquera: um tipo de forró realizado ao  pé do morro. "Hoje o convidado da rastaquera é Nésinho da Sanfona."

Eritema: a música que toca no começo de um seriado infantil - "Mãe, não quero tomar banho  agora! Tocou o eritema da Bruxa de Blém"

Capelão: um tipo de chapéu bem grande, maior que um sombreiro - "Nos dias de sol, coloco meu capelão da cabeça e saio por aí sem destino"

Disjuntores: são os caras que fazem massagem nos praticantes de box depois de um combate - "... Zé Coice de Mula relaxa depois da luta com um disjuntor em suas costas."

Niilista seriam os estudiosos das atividades econômicas do Egito antigo às margens do Nilo - "Niilistas  encontraram no Alto Egito a múmia que seria do primo distante do faraó Hórus Ka II"

Polaina: uma espécie de abajur para o quarto de bebês - "Apaga a Polaina do quarto da Nivinha?!"

*                   *                   *

Listei algumas palavras e termos que poderiam muito bem serem usadas como palavrão - somente pela sonoridade. 

Churréia, pau a pique, brochura, pelego, peritônio, cabedal,...

Na hora da raiva: vai pra casa do peritônio, lamber pelego !! Você não é nada, você é só uma churréia de pau a pique !! Seu brochura !!!



*                   *                   *

Tem também aqueles termos, aquelas locuções que enchem o pacová (no dicionário tem!) do desafortunado, pelo tando de vezes que foram ou são usadas. 

São tataranetos do "arrebentou a boca do balão" (que virou "arrebentou"); bisnetos do "Cuba lança" , netos do "a nível de...", filhos do "paradigma".

São os: "tô de boa", "vergonha alheia", "tapa na cara da sociedade", "chatiada"(sic),... 

Esses poderiam muito bem desaparecer... 


Maluquices da minha cabeça. Acho que hoje "não tô de boa". Vou chamar o "Mylanta Plus".





segunda-feira, 9 de março de 2015

ODORES E SABORES




Os odores pairam no ar. 

Passo pela rua e sinto as carnes e temperos sendo assados, fritos, cozidos e invadindo minha narinas sem pudores. 

A muçarela derrete sobre a massa em um forno qualquer e imagino-a tostando na lateral do tabuleiro, insensível a quem passa do lado de fora.

A fumaça sobe branca a espera de um papa para saborear maminhas, picanhas, fraldinhas, mas as paredes estão na frente.

O molho para a massa borbulha com seus misteriosos temperos e penetram pela janela sem escolha de lugar para se esconder e ser sentido.

A picanha suína é assada na pressão e se imagina na terrina repousando a espera que em uma tranquila mordida derreta na boca.

A linguiça é frita com a cebola para que, junto com a cerveja gelada, faça um trio a ser comido sem elegância mas com sabor. 

O aipim frito, crocante por fora e macio por dentro espera ser mastigado com paciência, sem pressa. Monges devem comer aipim.

O peixinho empanado repousa sobre um prato e se associa à um molho à campanha e uma leve farofa.

O olhar procura o cítrico.

Enormes maracujás aguardam ser cortados para que a polpa seja batida com gelo e acalmar os ânimos.

Limões são espremidos até o bagaço e seu líquido verde chá se avoluma junto ao açúcar e muito gelo para ser bebido em goles generosos.

As laranjas fartas de sumo que escorre pelo recipiente enche copos e copos e são deliciadas em sua acidez pelas papilas gustativas.

Dolorosa e inoportuna, assim é a gastrite. E tome batata cozida, leite desnatado,  pera, bananinha, mamão, peito de frango, peixe,... E remédio.


Troço sem graça.