domingo, 24 de novembro de 2013

SOBRE MÚSICA...





 Não sei dizer se tanta gente compartilha assim do que escrevo ou replico por aqui. De todo modo, queria falar um pouquinho sobre um tema específico e a maneira que este tema afeta nossas vidas. Se quiser me seguir nessa vamos juntos, senão, tudo bem.

Enquanto escrevo estas palavras nesse papel eletrônico me acompanho de música. Muita gente faz isso. Para fazer as mais diversas coisas, em casa, no trabalho, no seu hobby, no lazer,... Nossas atividades são preenchidas, quando isto é possível, pela música. Você anda pela rua, um monte de gente com fones de ouvido acabando com a própria audição - feito eu. Meu caso não tem solução – como na música do inbiografável Rei. Minha velhice será silenciosa, certamente. Pete Townshend ou Beethoven também ficaram assim de tanta música.

Quando eu era adolescente, a difícil arte de estudar matemática era acompanhada de fones de ouvido ou caixas no volume máximo de puro rock! Vetores, funções, probabilidades... Em nada disso eu fui nota 10. Mas um 6 ou 7 com louvor às custas dos agudos de um já saudoso Robert Plant (não que ele tenha morrido, mas o fim do Led já causava saudades) ou da voz rasgada do Ian Astbury me faziam temer menos pelo meu futuro. As outras matérias vinham à reboque. Para língua portuguesa e literatura o superfunksoulrockpopdeliclovesex de Prince; para biologia e química os riffs de Angus Young e os solos de Kirk Hammett. Quando estudava inglês ouvia Legião Urbana – por quê? Para uma coisa não atrapalhar a outra. Conheci um sujeito que só ouvia música eletrônica, pois enquanto estudava não precisava se distrair acompanhando as letras. Era seu método.

Voltando às ruas. Às vezes fico imaginando o que as pessoas estão ouvindo nos seus fones. Qual a trilha sonora do seu dia a dia. Lembro-me do personagem do Lázaro Ramos em “O homem que copiava”. Da sua janela podia ver um sujeito gordo chacoalhando no prédio do outro lado da rua todas as noites. Um dia encontrou-o numa loja de discos e perguntou do que ele gostava de ouvir: Creedence. Virou a trilha da sequência da cena. Sou dos caras que acha que as trilhas sonoras de nossas vidas devem ser preenchidas pelos silêncios e sons (valeu Lulu !). Não devemos prescindir deles.

De tempos em tempos mudava radicalmente e de forma não proposital as minhas trilhas. Minhas temporadas eram muito variáveis. Tive a época do blues – e os blues de várias épocas; época do samba – observo que samba não é aquilo que grupos de pagode de SP tentaram fazer do final dos anos 90 para cá – época do metal e algumas de suas variações - não todas; época da soul music; época do BRock; época da MPB 70 e 80; época da MPB sem rótulo dos anos 90 e 2000; época de pop radiofônico; época do reggae e do reggaeton – que para quem não sabe, são coisas distintas;  época do BR hip hop ; época do funk – leia-se FUNK, não do “FANQUI” feito por aqui, (deu para entender, não??!!). Agora ando numa época de VEVO e afins, descobrindo muita coisa interessante do mundo todo. 
Para mim só o rock se fez ouvir quase que a vida toda. O chão onde ando sempre será cortado por cordas de aço de Fenders, Gibsons e quem mais chegar guitarrando por este solo. 

Todavia chega uma época que você percebe que se você gosta, pode ouvir qualquer coisa que goste a qualquer tempo. Não dói e nem cansa. 

E você ? Qual é sua época ?


"RI"

Para que pediu, aí vai o poema completo:

"RI"

Ri
Ri sim da minha agonia
Delícia de agonia
condensada em orgasmos múltiplos
eu a última a sair
ou seria você ?!
Ri
Ri dos lençóis mordidos
pelo amor e a ritualística do ato
Do nosso consumo e o banho de gato
Do desprendimento das energias
Do sexo ardido pela repetição
ou não ?!
Ri
Ri cachorro que me lambe
de bambas pernas e tornozelos
Lambe com zelo tua cadela
e só pede socorro à donzela
quando não mais aguentar
Será ?!
Ri
Ri do teu líquido escorrendo
derramado em pele nua
e como gozas e cansas e gozas e suas
como um animal qualquer
Como fera. Enches a pança
Comes?!
Devora a mulher !
Ri
Ri, pois se empolga
pois vês meus seios delicados
pois se enrosca nos cabelos alisados de condicionador
Prato cheio à tua fome
Ao teu ardor
Ao teu amor ?
Ri
Ri da última noite em que me encontras
Quantas mais hei de querer
Ri que teu siso já se foi
Diluído até eu não mais saber.
Ri
Ri por último e ri melhor
Pois sou a favorita dos deuses
Ri pelas vezes -- e não foram poucas
Ri por nossas bocas e ventres
Ri por tua Rita
Ri por teu rito e me crava os dentes.



Do Livro "Erogenia" - 2013 - Clube de Autores
https://clubedeautores.com.br/book/140485--Erogenia#.UpGfBCfg_Po

sábado, 16 de novembro de 2013

ARRUMAÇÃO NO ARMÁRIO

Finalizando uma arrumação no meu armário de bagunças e afins, achei uma "relíquia". 
Escrevi isso num "guardanapo" de pastelaria. Daquele tipo, quadradinho, que só evita a fritura chegar diretamente às suas mãos. É um pedacinho de um texto que escrevi, chamado "Ri". Não lembro se estava comendo pastel quando escrevi. Vai tentar entender a cabeça de quem escreve...

"Ri dos lençóis mordidos
pelo amor e a ritualística do ato
Do nosso consumo e o banho de gato
Do desprendimento das energias
Do sexo ardido pela repetição
ou não ?!"
Este texto completo está no meu livro "Erogenia" e numa coletânea que saiu pela Editora Literis, chamada "Poesia Viva".
 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O SAMBA SEGUIU



            "Não poderia parar. O vozeirão que se espalhava pela quadra já estava cansado. Mas sem ele a escola não seria a mesma. Desceria para o grupo inferior. Sabia, no entanto, que estava na hora de se aposentar. Uma noite no ensaio a voz falhou. Mas o samba seguiu."



Em fevereiro:   "Carnaval - O Samba, a trama e a trança no cabelo"

domingo, 10 de novembro de 2013

BOLERO - parte 4

Queridos e queridas! 

Depois do absurdamente longo hiato neste conto, volto com sua continuação. 

Em paralelo existem outras histórias que precisam ser contadas e acabei trabalhando nelas no meu modo histérico e desconcentrado de escrever ao mesmo tempo várias coisas. Mas não esqueci da promessa este aqui vamos finalizar juntos e pelo andar da carruagem terminará em janeiro. Até lá, se tiverem paciência e puderem ceder um pouquinho do seu tempo para estas breves leituras, agradeço muitíssimo. Lembro que o "Killers - volume 1" está disponível para sua leitura, conforme post anterior. Observo que esta história teve início lá. 

Obrigado por sua atenção!

                                                   BOLERO - parte 4



        De alguma forma precisaria espantar o fantasma de Bárbara que me atormentava com seus pedaços deixados ao léu pelo Rio de Janeiro. A polícia havia encontrado partes de sua anatomia em diversos lugares. Faltava a cabeça, um braço e uma perna.

         Não tinha noção como o caso progredia depois da onda inicial da imprensa quando fora encontrado seu tronco na ilha de Mocanguê, base da Marinha em Niterói. Já sua perna esquerda encontrada por um pescador na Baía de Guanabara e seu braço direito próximo ao Píer Mauá tentavam formar o macabro quebra-cabeças que eu inventara junto com Jacob Rodriguez. Um delegado chamado Nilo Ventura estava cuidando do caso.

Muitos pedaços, uma só mulher. 

Sua cabeça fora enterrada profundamente na praia do Leme, onde dia após dia o cheiro se elevava e levava ao dono de um quiosque próximo reclamar das obras da prefeitura que faziam exalar aquele odor putrefato, conjurando e esconjurando o prefeito em todas as línguas que conhecia e outras que ainda iam ser inventadas. Fora prefeito !!


Da mesma forma, meu jeito de expurgar Bárbara de meus pensamentos era criar-lhe uma morte pouco honrosa. Inventar sua passagem desta para a melhor, ou pior, de maneira que meu subconsciente absorvesse aquela farsa e meus pesadelos noturnos que passaram a existir desde o fatídico dia me trouxesse uma pouco de sossego.