Não sei dizer se tanta gente
compartilha assim do que escrevo ou replico por aqui. De todo modo, queria
falar um pouquinho sobre um tema específico e a maneira que este tema afeta nossas
vidas. Se quiser me seguir nessa vamos juntos, senão, tudo bem.
Enquanto
escrevo estas palavras nesse papel eletrônico me acompanho de música. Muita
gente faz isso. Para fazer as mais diversas coisas, em casa, no trabalho, no
seu hobby, no lazer,... Nossas atividades são preenchidas, quando isto é possível,
pela música. Você anda pela rua, um monte de gente com fones de ouvido acabando
com a própria audição - feito eu. Meu caso não tem solução – como na música do
inbiografável Rei. Minha velhice será silenciosa, certamente. Pete Townshend ou
Beethoven também ficaram assim de tanta música.
Quando eu era
adolescente, a difícil arte de estudar matemática era acompanhada de fones de
ouvido ou caixas no volume máximo de puro rock! Vetores, funções,
probabilidades... Em nada disso eu fui nota 10. Mas um 6 ou 7 com louvor às
custas dos agudos de um já saudoso Robert Plant (não que ele tenha morrido, mas
o fim do Led já causava saudades) ou da voz rasgada do Ian Astbury me faziam
temer menos pelo meu futuro. As outras matérias vinham à reboque. Para língua portuguesa
e literatura o superfunksoulrockpopdeliclovesex de Prince; para biologia e química os
riffs de Angus Young e os solos de Kirk Hammett. Quando estudava inglês ouvia
Legião Urbana – por quê? Para uma coisa não atrapalhar a outra. Conheci um
sujeito que só ouvia música eletrônica, pois enquanto estudava não precisava se
distrair acompanhando as letras. Era seu método.
Voltando às
ruas. Às vezes fico imaginando o que as pessoas estão ouvindo nos seus fones. Qual
a trilha sonora do seu dia a dia. Lembro-me do personagem do Lázaro Ramos em “O
homem que copiava”. Da sua janela podia ver um sujeito gordo chacoalhando no
prédio do outro lado da rua todas as noites. Um dia encontrou-o numa loja de
discos e perguntou do que ele gostava de ouvir: Creedence. Virou a trilha da
sequência da cena. Sou dos caras que acha que as trilhas sonoras de nossas
vidas devem ser preenchidas pelos silêncios e sons (valeu Lulu !). Não devemos
prescindir deles.
De tempos em
tempos mudava radicalmente e de forma não proposital as minhas trilhas. Minhas
temporadas eram muito variáveis. Tive a época do blues – e os blues de várias épocas;
época do samba – observo que samba não é aquilo que grupos de pagode de SP
tentaram fazer do final dos anos 90 para cá – época do metal e algumas de suas variações - não todas; época da soul
music; época do BRock; época da MPB 70 e 80; época da MPB sem rótulo dos anos 90
e 2000; época de pop radiofônico; época do reggae e do reggaeton – que para
quem não sabe, são coisas distintas; época
do BR hip hop ; época do funk – leia-se FUNK, não do “FANQUI” feito por aqui, (deu
para entender, não??!!). Agora ando numa época de VEVO e afins, descobrindo muita
coisa interessante do mundo todo.
Para mim só o rock se fez ouvir quase que a
vida toda. O chão onde ando sempre será cortado por cordas de aço de Fenders, Gibsons
e quem mais chegar guitarrando por este solo.
Todavia chega uma época que você percebe que
se você gosta, pode ouvir qualquer coisa que goste a qualquer tempo. Não dói e
nem cansa.
E você ? Qual é sua época ?