sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

2017 MACACOS


Aninho da porra, hein?
O populacho cai de vez na submediocridade das pseudos direitas e esquerdas enquanto o ranho do "novo" MDB escorre pelo nariz, e o projeto de detonar Pindorama de vez atochando seu autoritarismo nefasto esfincter adentro, parece dar certo.
Pedra cantada, a praça do três poderes derrete em chorumes de Gilmares, Levandovisks, Jucás, Maias, Temers,..., contaminando o Paranoá, o São Francisco e extinguindo de vez o Rio Doce.
Cabrais, Rosinhas, Garotinhos em filigranas de uma geração da política. Casos de polícia.
A autopreservação "daqueles que não mencionamos" é um tapa nos cornos dos eleitores.
"Pais dos pobres", "mitos", "preparados", "esperanças jovens" que se apresentam como possíveis chefes do executivo em 2018, saíram do mesmíssimo saco de bostas. O mesmo discurso falso, a mesma empáfia, a mesma merda cotidiana que o povo parece gostar.
Meses passaram da divulgação de um vídeo de um congressista correndo com meio milhão de reais de propina para o presidente da república e nada aconteceu. Não tomaram a "bostilha", não queimaram bruxas nem ogros. Vídeo?! Cara pálida anda preocupado demais se a Anitta rebola a deliciosa beleza de sua bunda malandra.
Um vírus letal deve estar nos atacando. Sobrevivamos.

sábado, 2 de dezembro de 2017

VELHOS (ou SEGUE O JOGO)

Faz um ano que escrevi isso. A raiva não amaina. E, de verdade, melhor assim.
"Ando sem tempo. Absorto em manchetes e breves relatos no toque do Smartphone. Vi e capturei uma dessas fotos hoje pela manhã. 
Nego querendo proteger o ilícito. Sem querer ser contestado. Articulando para se proteger do cerol.  Quem protesta apanha.
E segue o jogo.
Vem à cabeça a imagem de dois velhos viúvos sentados à varanda de um caquético bordel de beira de estrada. Resmungando um para o outro que a direita é uma bosta e a esquerda é um cocô. Brigam por qualquer coisa.  Até pela pintura do bordel que frequentam para matar saudades do que não conseguem mais. Oferecem-lhes bebida e cigarro barato e a conta. Em troca breves apalpos no ego.
Vovô, esteja atento que a orgia com nosso dinheirinho suado não escolhe partido. Vai com qualquer um a quem as vantagens  são ofertadas. A câmara dos deputados é uma velha puta. Uma puta às avessas que não concede.  Só tira."

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

EXERCÍCIOS

Mesmo sabendo que não daria em nada quando chegasse no Senado, STF, aos ouvidos e César ou Átila, o Huno, como sempre, aliás, pois o instituto da auto-preservação sobrevive entre a bandidagem de foro privilegiado, resolvi fazer um breve exercício de linguagem, apenas para deixar manifesto meu sentimento com o ocorrido durante a semana. Você pode fazer em casa também. Sugiro que faça novas construções. Que se tornem mantras? Não sei. Mas que não seja esquecido até o final de 2018, se nosso barquinho chegar lá, é claro.
É assim, ó:
Não há como negar a pontinha de desencanto que a câmara dos deputados nos deixou por não acolher a denúncia contra o vice*.
Não há como negar o quanto fiquei puto quando a câmara dos deputados deixou de acolher a denúncia contra o vice.
Não há como negar que nego  veementemente a câmara dos deputados que deixou de acolher a denúncia contra o vice.
Não há como negar que nego "os go" da câmara dos deputados por deputarem com nossa cara novamente ao deixarem de acolher a denúncia contra o vice.
Agora você continua exercitando na sua casa, no seu trabalho, no carro, no trem, na esteira. Algo como um"pompoarismo mental". Ninguém necessariamente precisa ver, mas ao final você deve colher os resultados.

* O "vice" serve apenas para não esquecer de sua procedência duvidosa, entendeu? Bom, espero que sim.

TUDO O QUE VOCÊ QUERIA

Ah, eu quero sim! Eu vi no anúncio. É aquilo que me trará prazer. Vou pegar o meu cartão. Pago em doze vezes e pronto. Vou aproveitar o décimo terceiro se não estiver desempregado. Ah, mas eu quero. Já disse que quero. Nunca pensei que precisasse. Mas faz uma falta... Pelo que vi, está com um preço bom. Ainda bem que o frete é grátis. Minha prima falou que  é bom. E a Beta na facu disse também. Pensando bem, vou querer dois. Vou deixar um de reserva. Aproveitar o preço que tá barato. Não vou deixar que nem a esteira parada na área de serviço. Não, não senhor. Nem como aquele jogo de fondue. Nem como aquela bermuda que foi comprada pra usar quando emagrecer. Não, não senhor. Se eu tivesse chance, comprava já! A-go-ra! Mas deixa eu chegar em casa... Não vou comprar por impulso. Se eu tô pensando nisso antes, é porque não é por impulso, óbvio, né?! Dããã... Bom mesmo é comprar o que eu não preciso. Mas disso eu preciso. Sempre precisei. Desde... Deixa eu ver... Desde que saiu o anúncio. Vi que era algo que eu sempre quis ter. Um sonho. Um sonho que nunca tive pois não sabia que existia. Já sei até quando vou usar. Sei como e sei com quem.. Bom na verdade não sei, mas saberei quando tiver aqui comigo. Tudo é questão de estratégia. Se eu tiver aqui, vou saber o que fazer. Afinal quem nunca quis... Qual é o nome mesmo? Ah, sei lá, só sei que vou comprar! Não se mete.

domingo, 13 de agosto de 2017

DIA DO PAI

Olho o calendário do telefone e me dou conta que meu pai estaria fazendo aniversário hoje. Saudade do véio!!! Sem choro. Mesmo. Sangue bom da Lapa, o velho Farias !!!
Eu que não sou de rezar, tomo uma gelada e arrisco uma oração.
"Ave velho Farias, de bons  princípios e fins. Quando passo nas calçadas sei que me acompanha. Com seu olhar gentil e sorriso de fechar os olhos. Pois assim é fácil abrir o coração. 

Que o aperto de mão é o abraço sejam sempre verdadeiros. Que esse legado me acompanhe hoje e sempre.
Em qualquer condição, ame a vida e faça o melhor que puder, assim diria. AMÉM"

Lembrança de julho de 2017

terça-feira, 8 de agosto de 2017

DIA DA MÃE


Fiquei mais velho outro dia e fiquei pensando numas paradas aí...
Talvez a coisa mais importante que eu tenha aprendido com minha mãe (e também com meu pai) é ter crescido com o espírito livre. Desapegado de conceitos que possam amarrar o que faço, como penso ou quem sou.
Vez por outra eu lembro e digo que nunca levei uma palmada dela. E é verdade!

Nem por isso fiquei mimadinho.

Nem por isso virei um mal educado.

Nem por isso cresci vagabundo.


Tá bom, ela falava um monte. Na adolescência, todos os filhos ouvem montes de suas mães. Ou ao menos deveriam ouvir.
Saudade.
Saudade dela ficar até as três da manhã "assistindo" filmes de olhos fechados e roncando na sala pois era o único tempo que podia estar lá com seu molequinho de seis, sete anos.

Saudade do nhoque de forno que eu comia até gelado no dia seguinte de tão gostoso que era.

Saudade de ouvir ela esganiçar a voz para cantar o mais horrível possível só para fazer graça.
Naqueles álbuns que as mães escrevem quando saem da maternidade, ela escreveu que torcia para que eu, quando adulto, me tornasse engenheiro.

Já adulto, ela torcia, como deveriam torcer todas as mães, simplesmente para eu fosse feliz.
De alguma maneira eu "engenho" palavras, construo universos, deixo espaço pra meus sonhos. E nos meus sonhos ela teria visto seus netos. Estaria orgulhosa de mim.
Hoje ela estaria fazendo aniversário. Beijos mãe.

Lembrança de agosto de 2017

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O CÉU QUE OS PROTEGE

Caríssimos, a Constituição protege bandidos. A lei eleitoral protege bandidos. Os bandidos propõe leis que os protejam. O direito administrativo protege bandidos. Aqueles, que mesmo sabendo que são bandidos votam em bandidos e dão condições para que se protejam, reclamam de outros bandidos.
Aí não adianta ficar na frente da TV, bravos por que os bandidos se divertem, com ou sem decoro, depois de usar seu rico dinheirinho, negociando a proteção de um novo velho bandido.
Para evitar esses problemas de falta de paciência, já propus que em dia de quórum total no congresso, que se fechem portas e janelas e se aplique gás sarin.
Sem remorsos. Sem compaixão. Um roteiro de Tarantino.

domingo, 16 de julho de 2017

ACABOU A PACIÊNCIA

Faz um tempinho que não paro para escrever linha que se aproveite. Uns textos descartados como um três de espadas sobre a mesa para evitar conflitos no vácuo, sem resultados práticos até baixar tudo, bater e pegar o morto. Canastra.
Enojado demais para falar de política sem encaixar ao menos um bom lote de palavras de baixo calão.
Irritado demais sobre a problematização da vida em geral por indivíduos desimportantes para achar algo que mereça meu bedelho.
Entretanto algo com o que tenho certa boa vontade ultimamente é o futebol. É, para o esporte bretão tenho uma certa tolerância. Diria que sou um sujeito paciente.
Até que assisti Cruzeiro e Flamengo neste domingão. Um a um. Como sou rubro-negro e aqui em casa há uma certa frieza familiar à frente minhas elocubrações futebolísticas, decidi por um breve desabafo.
Depois deste último jogo é perceptível que o "promissor professor" caiu na mesmice de um futebol burocrático de 8743 bolinhas levantadas na área.
Não é possível que jogadores como "Os  Evertons" , Paolo Guerrero, Diogo estejam em campo para procurar como solução bolas alçadas como a única opção de ataque. Que esta equipe quando recupera a bola na defesa, mata TODOS os contra ataques prendendo a bola. Que atacantes de qualidade duvidosa se aproveitem de corredores entre os zagueiros e que não haja ninguém na sobra, mesmo com a obsessão por volantes.
Inadmissível que o time tendo o controle do jogo a maior parte do tempo, não consiga finalizar o adversário.
É, Zé Ricardo acabou, finalmente, com minha última gota  de paciência.
A partir de amanhã volto a escrever. Não só sobre bola. Aliás, obrigado Zé Ricardo.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

TRÊS PODERES

Parei para assistir o jornal da TV uns vinte minutos, mas não parei para olhar no Google se ainda existe uma cadeia de supermercados chamada Três Poderes. Lembro que era grande, anunciava na TV em horário nobre e tudo... Isso lá no século passado. Era um supermercado respeitável. Sempre fui bem atendido lá. Fosse hoje, seus proprietários já teriam mudado de nome.
A antipatia, a aversão, a desconfiança nessas instituições superam hoje qualquer sentimento de possível entusiasmo pela chegada de novas eleições em 2018. 
Desde que nascemos, compulsoriamente entregamos nosso destino ao Estado. Somos obrigados a conceder nossas virtudes, esforços e bens a agentes que não conhecemos, que eventualmente não elegemos, e cujas posturas, raras exceções, não concordamos. Os serviços prometidos não chegam, ou chegam de forma precária em virtude do orçado ser muito menor do que o gasto - comprovamos agora, pelas bocas de Emílio, Marcelo, Ueslei e Joeslei e uma centena de outros talaricos que enfim abriram seus bicos.
Era isso ou viveríamos à margem. Bom, era isso que era dito em todos os discursos, memorandos, circulares, medidas provisórias ou "definitivas", onde qualquer ente público advogava em causa própria.
Lá no sétimo ano aprendi, com a Titia Lúcia de história, que Rousseau entendia o Estado como elementar para a promoção dos direitos individuais. Ou seja, organizaria a bagunça direitinho para ninguém sair ofendido. Ou isso ou um déspota qualquer enriquecendo às nossas custas. 
Pois não é que três séculos depois criamos de forma democrática, via urna eletrônica, uma legião de déspotas que continuam enriquecendo às nossas custas?!
Ainda vai levar muito tempo - se é que vai acontecer - até que alguma confiança seja depositada na conta dos três poderes. 
Ops, bem sabemos que depósitos em conta são um risco para eles...

domingo, 7 de maio de 2017

GERAÇÃO MTV


Sou da geração MTV.
Sem vergonha. Sou culturalmente colonizado. Sou feliz, obrigado! ☺
Pela grana por nada do Dire Straits, acreditando que a paternidade de Billy Jean não era de "Mako Jako", ouvindo Dee Lite e baixo arrasador de Bootsy Colins, a mulherada que só queria se divertir com "Cindy Lopa", sabedor que a virgindade de Madonna era fake e, pérolas pop e rock que a gente só tinha ouvido mas sem a conjugação de imagem e som.
A grande revolução da década no áudio visual, era o videoclipe. Uns sem pé nem cabeça. Outros genialmente concebidos.
Lembro especialmente do vídeo do Van Halen, quando Eddie Van Halen e David Lee Roth conseguiam dominar, por três ou quatro minutos, seus enormes talentos, egos e cabeleiras num clima glam demais para meu gosto. A música, um clássico. Eu detestava o clipe - hoje só acho engraçado. Contando a história, depois, outros vocais passaram pelo Van Halen, mas nenhum deu conta como Mr. Roth.
Eis que varrendo poeira no YouTube achei um vídeo dessa música, agora com carinhas de vovôs, calvos, grisalhos e sábios. Tocando do jeito que era pra ser tocado e visto. Sem o histrionismo visual da MTV. Somente rock n' roll. Somente JUMP !

quarta-feira, 3 de maio de 2017

PESSOAS QUE TALVEZ EU NÃO CONHEÇA

Tô aqui sem fazer nada, exercitando o polegar e a falta do que fazer no Facebook.
Acho que eles deviam criar um item assim: "Pessoas que talvez eu não conheça".
Aí você adicionaria somente os não conhecidos.
Não foi com a cara do sujeito ou lhe causou um sentimento de indiferença (talvez recíproca), adiciona.
Com esses você poderia falar coisas absurdas. Contar suas melhores mentiras - ou, dependendo do caso, somente mais sinceras verdades.
Falar palavrões cordiais e receber outros de volta sem ficar com raivinha.
Compartilhar músicas horríveis que você gosta de cantarolar quando está sozinho.
Não, não seria um grupo fechado. Mas os seus amigos, conhecidos e familiares não teriam acesso às suas postagens, comentários e idiotices em geral.
Lá você não precisaria parecer que não está "de bode" quando estiver abraçando jacaré na lama.
Você poderia postar suas piores fotos para aprender a rir de si mesmo, mesmo estando em público. Ninguém daria a mínima. Portanto, sem efeito algum.
Poderia postar fotos sem encolher a barriga ou esticar o pescoço.
Jogar indireta "prazinimiga" que só sua baixa autoestima acha que você tem.
Poderia contar as piadas sem graça que você riu e decorou para contar, mas seus amigos e conhecidos "não tem muito senso de humor mesmo..." E talvez algum desconhecido se mije de rir como você, bobão.
Você poderia falar de politica sem parecer um idiota diante de seus amigos e conhecidos.
Você poderia colocar vídeos ao vivo como fonte de referência.
Poderia torcer para o Vasco sem medo de virar chacota um dia (não resisti ).
Poderia escrever textos que ninguém vai ler, como esse aqui.
Você poderia compartilhar links desinteressantes ou noticias do "Ego" e "Famosidades" sem parecer meio estúpido.
Pensando bem, será que já tá rolando isso por aí...?!

Lembrança de março de 2017

LAPA


Janela aberta e alguém toca "Wave" de Jobim no sax. Os carros passando apressados para algum destino longe daqui. Buzinas manifestam urgência. O sax ataca de Burt Bachara - música daquele filme... Daquele, lembra...?  Jovens da escola de música se aproximam lentamente com caixa, surdo, tamborins, e uma base de metais tocando "Madagascar - a ilha do amor".
O dono do pub abre as portas e de lá se ouve acordes de "She sells sanctuary".
O travesti entra na padaria para comprar pão doce.
Segundo a caixa do estabelecimento ele, ou ela - titubea - é muito simpática e educada. Diferente das outras "travecas"...
Alguém derruba uma caixa de garrafas vazias. Em algumas mesas, o líquido consumido é devolvido de tempos em tempos de micções alcoólicas. Dizia um bom amigo: se for a primeira vez, vai passar a noite precisando dos serviços sanitários da casa.
Os copos cheios escorrem gotículas geladas de conversas vãs.
A política. A polícia. A problematização de tudo. A graça por nada.
O riso do encontro. A voz embargada do desconforto.
A moça gorda de short velho vem pedir dinheiro. Outra se aproxima vendendo bala de menta. A poeira da fumaça do 434 é despejada na porção de batatas.
O suor no rosto e o fardo do dia. O desabafo e os filezinhos com cebola encharcados de óleo e sem tempero.
As quatro da mesa ao lado e os três da mesa a frente. Sobra uma. Desencontros e o saxofonista toca "Eu te amo".

terça-feira, 2 de maio de 2017

NÃO SEI

Não sei.
Vejo em sequência postagens que tratam dos mesmos assuntos: a existência ou não de um deus qualquer. Ou se as teorias políticas se aplicam de verdade num país tão corrupto quanto o nosso ou são somente bravatas que alguns gostam de ouvir.
Está aberto o combate entre ateus e não ateus. Entre destros e sinistros. Polo norte ou sul. Argumentos daqui e dali. Ofensas. Egos inflados.
Sábios donos da verdade e não questionadores em busca dela.
Não sei.
Todos os dias vou procurar saber se minhas certezas estão tão certas assim e se não merecem de verdade minha dúvida.
Não sei.
Talvez mereçamos desviar o olhar mais filosófico para o caminho até o trabalho. Até a barriga da esposa grávida. O olhar do teu velho. Tua solidão. As coisas mais próximas e que talvez tenham mais significado para mim, para ti,...
Mas ainda assim, não sei.

QUESTÃO DE COMPETÊNCIA


Seu Abraão, dirige um táxi. Faz isso há quarenta anos. O ponto dele é em frente a um shopping, onde carrega gentilmente as sacolas de seus clientes até o porta malas de seu simpático automóvel. Sintoniza numa rádio agradável e liga o ar condicionado se estiver calor.
Enquanto espera sua vez na fila junto aos outros carros, bate papo com os colegas de praça todos os dias e, quando a corrida é pouca, lê muitas revistas que falam sobre aviação. Ele é muito bem informado sobre o assunto, apesar de nunca ter passado sequer do corredor de embarque.
Seu Abraão é um sujeito comum. Seu único problema é o seu ego. Vangloria-se que não aumenta o preço das corridas, que faz sempre o itinerário mais curto ou mais rápido para atender bem aos seus clientes. Fala como se isso fosse mérito e não obrigação de ofício.
Um dia, Seu Abraão ganhou uma bolada. Daquelas... Para não ter que bandeirar nunca mais. Gastou boa parte do seu dinheiro em um pequeno avião. Ele acha que tira de letra pois dirigiu táxi quase que a vida inteira. Ele já quer sair voando por aí, mesmo sem tirar brevê.
Se você precisasse pegar um voo, confiaria no Seu Abraão como piloto?
Será que sim? Será que não?
Então, pensa bem antes de subir em aeronaves de aventureiros na pressa de chegar a qualquer lugar.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

FINAL DO DIA DO TRABALHO


O país tem hoje 13 ou 14 milhões de pessoas sem emprego formal.
Vi uma quantidade abissal de comentários esta semana dos "entendidos virtuais" a respeito de trabalho e previdência, e cheguei à conclusão que, dependendo da visão que este ou aquele têm a respeito do próprio umbigo, essas milhões de pessoas podem ser chamados de: desempregados, vagabundos, empreendedores em potencial, aquele que eu não quero ser, "massa de manobra" (termo ridículo), um número na estatística, ...
Para esses milhões, seja lá qual for o termo que se use, que o dia 2 seja melhor do que o dia de hoje.

domingo, 30 de abril de 2017

JOVEM SUL AMERICANO

Adolescendo, eu arranhava um violão e escrevia letras que um ou outro achavam interessantes. Meu parceiro, irmão, tudo mais, Lobão - este, genuíno de nome, não apelido - escrevia letras fantásticas, além de cantar muuuito.
A gente brincava, quando aparecíamos com uma letra nova, que, certamente, tínhamos superado o Renato Russo e o Cazuza, ídolos da época.
Com o tempo, o texto ficava cada vez melhor e já dizíamos que já estávamos superando o Chico ou o Caetano, depois de muita marra e risada.
O tempo passou e as letras ficaram nas gavetas ou em arquivos de um HD qualquer.
Na minha cabeça, havia, e ainda há, um patamar mais acima para letristas. Aquele em que a emoção, a criação e a técnica atingiram, pontualmente, coisas que fazem seus neurônios transmitirem para seu espírito algo que você queria ter feito, e pronto, estava ali para você ouvir.
É lógico que neste patamar, cada um tem suas preferências. Na minha lista, está um senhor latino americano sem dinheiro no banco, de bigode imponente, nascido no Ceará. As letras mais rock n' roll da MPB.
Ele partiu hoje.

sábado, 29 de abril de 2017

MARACANÃ

Segundas-feiras sempre tem aqueles minutinhos que você troca uma ideia sobre o final de semana. Quem gosta de bola, fala  sobre o jogo, bota pilha, provoca quem perdeu, brinca com quem é da própria torcida,...
Nesse papo sem compromisso, alguém comentou que fim de semana passado, o Edmundo, hoje comentarista da Fox, chorou por estar no Santiago Bernabeu lotado, esperando Real e Barça se enfrentarem. Oh! Oitenta mil espectadores.
Fiquei pensando quando eu ia ao Maracanã a pé, moleque, sozinho, escondido da minha mãe, com dez pratas no bolso pra pegar uma geral e assistir Flamengo e, sei lá: Inter, Curitiba, Santos,... Enfim, jogo de uma torcida só. E olhava lá para cima na arquibancada ou para atrás nas cadeiras, e depois de torcer muito, pois não éramos espectadores, mas torcedores, e uma voz quase incompreensível, num alto falante tosco, pior do que da igreja, lá pelos trinta e cinco do segundo tempo anunciava sessenta, setenta, oitenta mil no estádio. Naquele época , arena era coisa de luta livre ou do filme do Ben Hur.
O tesão era outro. A gente ria, gritava, elogiava a mãe do bandeira. No gol, abraçava seu mais novo amigo de infância. Tomava banda da torcida adversária. Jogava chinelo no banco do treinador burro e mais burro ainda, ia descalço pra casa.
Mas os tempos são outros. Hoje um cara chora num país que não é o seu, trabalhando e sendo bem pago pra assistir a times pelos quais nunca jogou, se identificando com uma história que não é a sua.
Na boa, Edmundo, vai buscar o chinelo. Um dia você acha graça.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

GREVE?!


Enquanto uns falam que são de esquerda ou falam que são de direita achando-se numa Bastilha imaginária, cerca de mil picaretas federais do executivo, do legislativo e do judiciário passam por cima dos seus direitos todos os dias, decidindo o quanto você paga, o que você pode comprar, comer beber, falar. Como a letra do Herbert: "me diz até o que vestir, por onde andar e onde ir". E você se acha livre por optar por este ou aquele discurso que acha verdadeiro ouvir e seguir.
Os tais, defendem-se de acusações, arrotando arrogância e caradurismo, como se fossem respeitáveis, probos e ilibados.
Hoje, enquanto uns idiotas bloqueiam ruas ao invés de buscar adesão à uma manifestação de massa que todos sabem que precisa ser feita, essa tal "greve geral" não vai adiantar nada. Não reúne a todos.
Manifestações populares não precisam de lideranças - principalmente partidárias, sindicais e de "organizações civis" ou militares. Manifestações não precisam de militância. Na verdade qualquer liderança em manifestação deve ser repudiada. Você não precisa de ninguém pra saber que está de saco cheio. Na memória recente, junho de 2013 comprova isso.
Por enquanto a boiada continua seguindo os vaqueiros para o abate, ao invés de estourar.
O tal pacto que te impuseram - desde que você nasceu - a fazer com o Estado para que ele cuidasse da vida de todos, precisa ser rompido pois só favorece um lado. E não é o seu.