domingo, 7 de maio de 2017

GERAÇÃO MTV


Sou da geração MTV.
Sem vergonha. Sou culturalmente colonizado. Sou feliz, obrigado! ☺
Pela grana por nada do Dire Straits, acreditando que a paternidade de Billy Jean não era de "Mako Jako", ouvindo Dee Lite e baixo arrasador de Bootsy Colins, a mulherada que só queria se divertir com "Cindy Lopa", sabedor que a virgindade de Madonna era fake e, pérolas pop e rock que a gente só tinha ouvido mas sem a conjugação de imagem e som.
A grande revolução da década no áudio visual, era o videoclipe. Uns sem pé nem cabeça. Outros genialmente concebidos.
Lembro especialmente do vídeo do Van Halen, quando Eddie Van Halen e David Lee Roth conseguiam dominar, por três ou quatro minutos, seus enormes talentos, egos e cabeleiras num clima glam demais para meu gosto. A música, um clássico. Eu detestava o clipe - hoje só acho engraçado. Contando a história, depois, outros vocais passaram pelo Van Halen, mas nenhum deu conta como Mr. Roth.
Eis que varrendo poeira no YouTube achei um vídeo dessa música, agora com carinhas de vovôs, calvos, grisalhos e sábios. Tocando do jeito que era pra ser tocado e visto. Sem o histrionismo visual da MTV. Somente rock n' roll. Somente JUMP !

quarta-feira, 3 de maio de 2017

PESSOAS QUE TALVEZ EU NÃO CONHEÇA

Tô aqui sem fazer nada, exercitando o polegar e a falta do que fazer no Facebook.
Acho que eles deviam criar um item assim: "Pessoas que talvez eu não conheça".
Aí você adicionaria somente os não conhecidos.
Não foi com a cara do sujeito ou lhe causou um sentimento de indiferença (talvez recíproca), adiciona.
Com esses você poderia falar coisas absurdas. Contar suas melhores mentiras - ou, dependendo do caso, somente mais sinceras verdades.
Falar palavrões cordiais e receber outros de volta sem ficar com raivinha.
Compartilhar músicas horríveis que você gosta de cantarolar quando está sozinho.
Não, não seria um grupo fechado. Mas os seus amigos, conhecidos e familiares não teriam acesso às suas postagens, comentários e idiotices em geral.
Lá você não precisaria parecer que não está "de bode" quando estiver abraçando jacaré na lama.
Você poderia postar suas piores fotos para aprender a rir de si mesmo, mesmo estando em público. Ninguém daria a mínima. Portanto, sem efeito algum.
Poderia postar fotos sem encolher a barriga ou esticar o pescoço.
Jogar indireta "prazinimiga" que só sua baixa autoestima acha que você tem.
Poderia contar as piadas sem graça que você riu e decorou para contar, mas seus amigos e conhecidos "não tem muito senso de humor mesmo..." E talvez algum desconhecido se mije de rir como você, bobão.
Você poderia falar de politica sem parecer um idiota diante de seus amigos e conhecidos.
Você poderia colocar vídeos ao vivo como fonte de referência.
Poderia torcer para o Vasco sem medo de virar chacota um dia (não resisti ).
Poderia escrever textos que ninguém vai ler, como esse aqui.
Você poderia compartilhar links desinteressantes ou noticias do "Ego" e "Famosidades" sem parecer meio estúpido.
Pensando bem, será que já tá rolando isso por aí...?!

Lembrança de março de 2017

LAPA


Janela aberta e alguém toca "Wave" de Jobim no sax. Os carros passando apressados para algum destino longe daqui. Buzinas manifestam urgência. O sax ataca de Burt Bachara - música daquele filme... Daquele, lembra...?  Jovens da escola de música se aproximam lentamente com caixa, surdo, tamborins, e uma base de metais tocando "Madagascar - a ilha do amor".
O dono do pub abre as portas e de lá se ouve acordes de "She sells sanctuary".
O travesti entra na padaria para comprar pão doce.
Segundo a caixa do estabelecimento ele, ou ela - titubea - é muito simpática e educada. Diferente das outras "travecas"...
Alguém derruba uma caixa de garrafas vazias. Em algumas mesas, o líquido consumido é devolvido de tempos em tempos de micções alcoólicas. Dizia um bom amigo: se for a primeira vez, vai passar a noite precisando dos serviços sanitários da casa.
Os copos cheios escorrem gotículas geladas de conversas vãs.
A política. A polícia. A problematização de tudo. A graça por nada.
O riso do encontro. A voz embargada do desconforto.
A moça gorda de short velho vem pedir dinheiro. Outra se aproxima vendendo bala de menta. A poeira da fumaça do 434 é despejada na porção de batatas.
O suor no rosto e o fardo do dia. O desabafo e os filezinhos com cebola encharcados de óleo e sem tempero.
As quatro da mesa ao lado e os três da mesa a frente. Sobra uma. Desencontros e o saxofonista toca "Eu te amo".

terça-feira, 2 de maio de 2017

NÃO SEI

Não sei.
Vejo em sequência postagens que tratam dos mesmos assuntos: a existência ou não de um deus qualquer. Ou se as teorias políticas se aplicam de verdade num país tão corrupto quanto o nosso ou são somente bravatas que alguns gostam de ouvir.
Está aberto o combate entre ateus e não ateus. Entre destros e sinistros. Polo norte ou sul. Argumentos daqui e dali. Ofensas. Egos inflados.
Sábios donos da verdade e não questionadores em busca dela.
Não sei.
Todos os dias vou procurar saber se minhas certezas estão tão certas assim e se não merecem de verdade minha dúvida.
Não sei.
Talvez mereçamos desviar o olhar mais filosófico para o caminho até o trabalho. Até a barriga da esposa grávida. O olhar do teu velho. Tua solidão. As coisas mais próximas e que talvez tenham mais significado para mim, para ti,...
Mas ainda assim, não sei.

QUESTÃO DE COMPETÊNCIA


Seu Abraão, dirige um táxi. Faz isso há quarenta anos. O ponto dele é em frente a um shopping, onde carrega gentilmente as sacolas de seus clientes até o porta malas de seu simpático automóvel. Sintoniza numa rádio agradável e liga o ar condicionado se estiver calor.
Enquanto espera sua vez na fila junto aos outros carros, bate papo com os colegas de praça todos os dias e, quando a corrida é pouca, lê muitas revistas que falam sobre aviação. Ele é muito bem informado sobre o assunto, apesar de nunca ter passado sequer do corredor de embarque.
Seu Abraão é um sujeito comum. Seu único problema é o seu ego. Vangloria-se que não aumenta o preço das corridas, que faz sempre o itinerário mais curto ou mais rápido para atender bem aos seus clientes. Fala como se isso fosse mérito e não obrigação de ofício.
Um dia, Seu Abraão ganhou uma bolada. Daquelas... Para não ter que bandeirar nunca mais. Gastou boa parte do seu dinheiro em um pequeno avião. Ele acha que tira de letra pois dirigiu táxi quase que a vida inteira. Ele já quer sair voando por aí, mesmo sem tirar brevê.
Se você precisasse pegar um voo, confiaria no Seu Abraão como piloto?
Será que sim? Será que não?
Então, pensa bem antes de subir em aeronaves de aventureiros na pressa de chegar a qualquer lugar.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

FINAL DO DIA DO TRABALHO


O país tem hoje 13 ou 14 milhões de pessoas sem emprego formal.
Vi uma quantidade abissal de comentários esta semana dos "entendidos virtuais" a respeito de trabalho e previdência, e cheguei à conclusão que, dependendo da visão que este ou aquele têm a respeito do próprio umbigo, essas milhões de pessoas podem ser chamados de: desempregados, vagabundos, empreendedores em potencial, aquele que eu não quero ser, "massa de manobra" (termo ridículo), um número na estatística, ...
Para esses milhões, seja lá qual for o termo que se use, que o dia 2 seja melhor do que o dia de hoje.