sábado, 4 de julho de 2015

MUDANÇA


Quando eu mudo de casa, invariavelmente volto ao passado. Não, esse não é um texto piegas. É quase uma reclamação. Como acumulo porcaria! Papéis, apostilas, cacarecos que ganho, folhetos que pego por aí, achando que um dia terão serventia, notas de supermercado para comparar preços( devo ser maluco?!), revistas, contas velhas, manuais de aparelhos que nem tenho mais, ... Para quê ?

Não, não sou um acumulador. Ou teria essas e outras muitas coisas em grandes quantidades. Tem gente que leva até lixo para casa. Não é lixo. São as coisas que são guardadas e esquecidas por ali e encontradas em momentos desnecessários, onde até um clipe de papel atravanca o caminho. Tudo prende o batente da porta. Tudo bate na parede estragando ainda mais a gasta pintura. Coisas que eram para ser deixadas para trás. Queria ser um elo perdido. Um nômade só para carregar minhas quinquilharias básicas: minha pele de dente de sabre e uma arpão.

Tá certo, acho outras. Ou ainda revejo as coisas que sempre soube que estavam ali e me davam e dão imensa satisfação. Fotos antigas, carta da mãe, da vó, a camisetinha da escola de séculos atrás, o carrinho miniatura comprado num aeroporto qualquer,... Mas essas, que se fez questão de guardar, tem lugar certo. Ficam por ali no cantinho e provavelmente ficarão para posteridade. Como as canções de um velho CD que em algum momento foi o melhor da sua vida, até que surgiu outro que foi o melhor da sua vida, e outro, e outro... Histórias em reticências. Mas tem a chave de fenda e a porra da fita crepe perdidas na confusão.

Não, não dá para ser piegas em dia de mudança.



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