sexta-feira, 29 de outubro de 2021

É SÓ UM TEMPO PRA SE REBELAR

Tinham  uns discos - é sou da época que se chamavam discos, o que hoje chamam vinil - que você comprava quando era adolescente meio que por impulso com a grana que juntava do troco do lanche. Outros você não tinha grana pra comprar pois você era um teenager durangaço e ouvia quando tocava numa rádio qualquer.

O Ira! é um caso bem especial. Só ouvia porque tocava por aí. Um dia peguei emprestado o vinil na casa de um colega de escola e levei pra casa. O álbum era "O ÁLBUM": "VIVENDO E NÃO APRENDENDO". De 1986, as faixas trazem o ge-ni-al  Edgard Scandurra em uma fase de criação absurda, em dupla com de Marcus Valadão, o Nasi, mandando uma pérola atrás da outra. Só punch na lata.
Foi um final de semana que a vizinhança não teve paz, teve Ira!.

Fiz trinta e comprei um CD naquelas promoções das Lojas Americanas e refiz o mesmo caminho 🤪🎶🎶...

Agora de manhã atravessei minha rua de boa e do nada cantarolando o refrão: "Nas ruas é que me sinto beeem.../ ponho meu capote e está tudo bem", com aquele riff fodástico dos anos 80... Voltei para casa e botei o álbum tocando na nuvem. Neste momento repito pela segunda vez o álbum todo. Enquanto escrevo tô aqui cantando "Pobre São Paulo/ ôôôô / Pobre paulista / ôôôô..."

Um pessoal vai dizer "Cara, cê tá velho..."
Numa boa, tô não! 

domingo, 19 de setembro de 2021

MAIS DO MESMO

Ouço sem muita atenção mais uma matéria na TV sobre um assunto que já dura décadas... 
O que era para ser uma ferramenta de transição social até que o indivíduo fosse capaz de se estabelecer através de ações de desenvolvimento coletivo, tornou-se uma maldita espiral. 

A ininterrupta continuidade dos programas "Renda Mínima" , "Bolsa Família" e o tal "Auxílio Brasil" - só mudam a embalagem - proposto pelo atual presidente, e a constatação de que AINDA SÃO NECESSÁRIOS, mas são também as provas da capacidade de governos aprisionarem o povo pela miséria e a total incapacidade de políticas de desenvolvimento social que retirem definitivamente os miseráveis desta prisão.

Mais do mesmo, sempre...

segunda-feira, 21 de junho de 2021

"PROTOCOLOS"


A mulher do serial killer Lázaro Barbosa contou que foi agredida pela polícia de Goiás ao ser interrogada em casa pelo paradeiro de seu marido. Levou quatro safanões na cara e foi ameaçada com um cabo de vassoura. 

A polícia de Goiás diz que age de acordo com os protocolos.

Não posso afirmar, mas é possível que os "protocolos" usados por policiais para ricos e pobres neste país sejam diferentes. Aos pobres reservam certas distinções.

DIVERGÊNCIAS

"Você anda quieto demais", me disseram dia desses. Levei em consideração como um elogio. Quem aquieta ouve. Quem só grita não percebe os sons ao seu lado. E o debate só tem sentido quando o tema abordado não é uma mentira ou estupidez. 

Li um texto do Anderson França - busca no FB, o texto é bom - jornalista que hoje vive fora do Brasil, em subemprego na Europa, e de quem vez por outra, compartilho outras percepções mais exaltadas ou verborrágicas. O texto dava parabéns ao ex-presidente FHC por seu aniversário, mesmo ele sendo divergente a seu governo e tendo falado ao próprio, durante uma entrevista, que chegou a levar um ovo para jogar em sua cabeça quando ainda era estudante em determinada ocasião. Tempos depois o já ex-presidente aceitou um convite para participar voluntariamente de uma palestra promovida pelo jornalista em apoio à um evento na Maré. Até hoje ele diverge muito, mas respeita. Dialoga. Esse texto me fez pensar sobre o parágrafo que escrevi acima.

Há os que compartilham de um senso comum; os que estão "fechados" em uma bolha prestes a sufocar sem perceber; e ainda há aqueles(as) cuja pesquisas recentes definiram como a "Glória Pires no Oscar" - lembram dela, não?!

Todos parecem estar em trincheiras com três metros de altura. As granadas explodindo, os foguetes passando por cima e ninguém se ouve, só às explosões e gritos.

Talvez um minuto de silêncio para cada mil pessoas mortas pela peste fará com que todos ouçam primeiro a si mesmos e reflitam palavra por palavra do que dizem.
Se essas palavras fazem sentido com a pessoa que você era - seus valores, respeito à vida, dignidade e fraternidade -  ou hoje é só uma repetição imbecil do que te mandaram pelo WhatsApp ou de algum tiozão idiota que vomita em redes sociais, pois você sente cansaço, tristeza e preguiça demais para pensar e a forma de conceber uma ideia é conceder que o outro responda por você. Isso te dá o sentimento de pertencer a algum lugar, gritando o que te mandaram, mesmo que você não concorde muito com o que grita e que esse lugar nem seja tão legal assim. 

Veja, a proposição não é pensar igual a este ou àquele, mas simplesmente pensar, e desta vez por si mesmo(a). Nesses tempos barulhentos e estranhos, tenho parado e não tenho reconhecido muita gente. O que é uma pena. 
Quando esse silêncio e reflexão forem feitas, talvez eu consiga parar e conversar, mesmo que sejamos divergentes.

Este não é o momento.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

A AFETAÇÃO DA PATULÉIA


Eu estou tentando entender o regozijo da plebe ignara rulminante - vulgo "plantel do cercadinho" - ao saber do aumento do PIB brasileiro em 1,2% anunciado pelo ministro capachote oficial da economia.

Qual o motivo de tanta baba e perdigoto para este percentual de crescimento RRRRI-DÍ-CU-LO, se permanecem 14 milhões de desempregados, inflação de alimentos de quase 15% ao mês, aumento no preço da energia elétrica, 460 mil mortos em uma peste por falta de vacinas, milhões de cidadãos abaixo da linha de pobreza famintos.

"Ah, deixa de ser burro, Clayton. Se a economia for retomada vai gerar crescimento para o país".

Discurso lindo!

Só não dá para esquecer que nos tempos em que estamos, onde a distribuição de renda passa longe de ser prioridade da política pública federal, se o produto interno bruto aumentar, a divisão, o pró-rata, o per capita, a fatia da pizza, o queijinho do rato, jamais terá como destino o seu bolso!

Ou você já recebeu um pedaço de PIB pra chamar de seu ?

Parabéns, por nada!

quarta-feira, 26 de maio de 2021

SÉRIOS ESTUDOS CIENTÍFICOS


O médico John Connor publicou no último mês um estudo científico na revista Unlikely Nature, baseado em pesquisas de campo realizadas na populosa cidade de Kuentin Loh, na China, comprovando que exposições, mesmo que curtas a aerodispersóides podem ser auxiliares no tratamento de doenças pulmonares. Ele realizou testes em cerca de quinze mil pessoas que monitoradas dioturnamente, realizaram aspersão mecânica pulmonar de possíveis cargas virais contidas na atmosfera e, eventualmente, eliminaram nesta reação o muco viral. Desta forma, com a redução significativa de material químico no organismo foi possível comprovar irrefutavelmente sua teoria. 

O resultado destes testes foram comprovadamente acolhidos pela área científica e Connor deve concorrer ao Nobel de Medicina em 2022.

Se você chegou até aqui, saiba que a foto é falsa e criada virtualmente, a cidade não existe e a notícia indica que se você respirar poeira pode ser provado que você vai tossir e eventualmente mandar uma catarrada para fora. John Connor não é médico, é o cara que vai tentar nos salvar da Skynet no Exterminador do Futuro.

Assim nasce uma fake news. Jamais caia nessa. Vá procurar os fatos.

Só é cloroquiner quem quer. 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

EMPATIA



Assistimos hoje a normalização da morte.

“Ué, não nasce e morre todo dia um monte de gente?” Claro que sim!

Mas pensa comigo: lá do outro lado do Atlântico um país invade o território do outro , manda um punhado de mísseis de última geração, derrubando prédios, aniquilando famílias; homens , mulheres, crianças – em sua maioria esmagadora, civis. E isso para você está bem distante. Parecem imagens de games no noticiário. Coisa deles, lá...

Corta para esse lado do Atlântico. Aqui. Bem aqui no seu país.

Em média 2000 pessoas estão morrendo por dia por uma doença que pode ser combatida com vacina, distanciamento social e uma frívola máscara – e você sabe disso. Mas por duas “estratégias” burras do governo federal e da própria população, não temos nem vacina, nem distanciamento seguro. Você se sente tranquilo assim?

Mas sua indignação é seletiva por coisas estúpidas, como o resultado de realyties, resultado do miss universo (?), na harmonização facial do cantor irrelevante, no discurso para idiotas de um presidente qualquer, na roupa esquisita da cantora, sobre o gênero dela ou dele...  E em todo resto, permanece a sua passividade de manada, obrigado a se apertar no trem do metrô por quem paga por suas horas de vida ou sentado com outros irresponsáveis nas festinhas,... Talvez você tenha deixado isso para lá, porque sobreviver já tá muito difícil mesmo, né?! Até que eu entenderia se você não soubesse de nada sobre o que eu disse antes. 

Talvez você tenha embrutecido ou emburrecido tanto, a ponto de validar genocídios, de não ligar para a perda de pessoas por aí – por motivos que para você sejam absolutamente normais nesses tempos.

Quem sou eu para cagar a regra do que você tenha que pensar ou fazer. Sou só mais um nesse fogo cruzado de bombas, balas e vírus... Mas, se não for pedir muito,  dá uma olhada pra dentro de você e tenta perguntar: se tudo isso fosse comigo ou com alguém próximo de mim, aqui do meu lado, como eu estaria agora? 

 Talvez ainda haja um pouco de empatia escondida aí dentro.


segunda-feira, 10 de maio de 2021

VACINA DE VENTO, VACINA DE SORO, VACINA NO LIXO


Não tenho tido muito tempo, nem  estômago para ver as notícias. Às vezes paro cinco minutos no dia que servem à ativação da indignação matutina ou vespertina. Enquanto pululam páginas e páginas de descaso com a saúde, caos econômico, dolorosas notícias policiais, de uma sociedade adoecida e uma nação sem gestão, pequenos fatos, se colocados à lupa, demonstram exatamente o que nos tornamos.

Semanas atrás enquadraram uma falsa enfermeira que aplicou vacinas falsas na falsa classe média-alta de cidadãos de bem do fiofó de talquinho em Minas Gerais, e em outros lugares do Brasil onde nossa protagonista levava seu produto raro: soro fisiológico imunizante universal, à módica quantia de 600 pratas a picada no bracinho.

Na ocasião, já não era suficiente a vacina de vento, filmada em várias ocasiões, sendo "aplicada" em idosos crédulos e esperançosos. 

Agora temos a vacina no lixo. Como entender a motivação de alguém da área da saúde deixar outro alguém exposto a uma doença que pode matar? Seria para expor o não imunizado à doença e caso o(a) coitado(a) morresse com aplicação não aplicada, dizer que a vacina não funciona? Talvez a lavagem cerebral, de fato, esteja funcionando. 


https://odia.ig.com.br/brasil/2021/05/6141997-mulher-finge-ter-aplicado-vacina-e-seringa-com-dose-e-encontrada-no-lixo.html


quarta-feira, 21 de abril de 2021

BISCOITO

 


Minha cabeça, imensa por natureza, me trai vez ou outra. Agora mesmo, enquanto tomo um café preto na caneca preta de ágata, estou tentando lembrar quem escreveu uma crônica que dizia que "velho gosta de comer biscoito. Como comem". Rubem Braga, Veríssimo, Millôr,... não lembro bem. Mas já não lembro bem de muita coisa mesmo. Tornei-me o velho da crônica. Bom, nem tão velho assim. Convenço a mim mesmo que cinquenta é o novo quarenta, só que toda manhã a penugem prateada da minha barba nasce pronta para ser extirpada pela lâmina.

Mas têm umas coisas que lembro bem, sobretudo sabores. Enquanto sintomas de Covid-19 e a própria não me atingirem - pausa para bater na madeira * * * - sinto e lembro dos mais variados sabores. Inclusive de como eram bons os biscoitos de maisena da embalagem vermelha, o passatempo da embalagem azul - aquele que vem com o bichinho desenhado - e aquele que era uma unanimidade: o saboroso biscoito de leite maltado da vaquinha! Que delícia ! Lembram sabores da infância.

Mas, hoje não. Hoje não? Hoje não ! Descobri meses atrás que passaram a ser fabricados com gordura transgênica. Não vou entrar na seara da saúde, se fazem mal ou não. De verdade: não me interessa. Como “podrões” por aí desde criança e tô de boa por aqui até hoje...

Interessa é que passo um café fresquinho, boto na caneca e coloco a ponta do biscoito pra molhar. Quando vou comer parece que o biscoito veio queimado da fábrica. Uma bosta !

Então, se você conhece alguém que trabalhe na produção desses biscoitos, avisa lá no setor de desenvolvimento que um consumidor e crítico voraz desses produtos deixou de seguir, parou de comprar e "descurtiu" bloqueando.

Sigo tomando meu café preto na caneca preta - mas sem molhar o biscoito - enquanto não se metem a besta com ele. E nem queiram, senãããão... 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

LUTO

LUTO

Antigamente eu ficava pendurado em redes sociais para tentar algum tipo de comunicação pertinente. Hoje em dia, "pingo" aqui e ali, dou uma olhada e saio em seguida. O ambiente está carregado demais. A vida está sendo carregada demais. A morte está presente o tempo todo e estou praticando esquiva à base de máscara e álcool em gel.

Hoje entrei, e na parte de stories apareceram duas dúzias de registros de luto. Luto, luto, luto,...

Chegamos aonde ano passado sabíamos que estaríamos. É triste.

Sugiro que o substantivo usado de forma pertinente a demonstrar nossas tristezas, ausências, saudades, torne-se o verbo. Lute para que as pessoas se cuidem, lute por sua saúde, lute para que ações patéticas de aglomeração não aconteçam. Lute para que as pessoas que não tiveram acesso à informação ou aquelas que se afastam conscientemente da segurança por um motivo estúpido ou por uma "genocida orientação federal" não possam disseminar o desconhecimento.

Lute contra tudo isso ao invés de (depois da lambança feita) ficar escrevendo a palavra - que para mim tornou-se odiosa - "misericórdia", em post de rede social. Logo, lute também contra a hipocrisia. 

Se você, eu ou aquele(a) não usarem o verbo, permaneceremos no fúnebre e doloroso substantivo.

quinta-feira, 4 de março de 2021

DISTOPIA


Nas últimas semanas o livro 1984 de George Orwell passou a ser de domínio público. Democratiza a obra do autor que trata de uma sociedade distópica onde a desinformação e a força são usadas para dominação indivídual e coletiva.

Lembrei disso pois estamos numa espécie de idade das trevas hi-tech. Orwell viu antes.

Mudando de referências, se você assistiu algum filme de Harry Porter, entende que dementadores nos cercam, só que do lado de lá do cercadinho.

Vivo num tempo em que damos parabéns para quem tomou uma dose de vacina contra a peste, como se não fosse um direito de todos, mas um presente obtido quase à força para uma sobrevida.

Somos as cobaias de alguns tiranos. Os camundongos num laboratório de ideias ralas e sujas.

Detesto o clichê de Pierre Bourdieu que cunhou a expressão batida: "massa de manobra". Mas é preciso ressaltar, e é essencial que tenhamos em mente, o que efetivamente somos e seremos enquanto não formos atrás da informação, da formação, da formatação de uma nova sociedade. 

Para um futuro minimamente promissor não podemos sequer supor que o passado tosco de um gaudério qualquer, e que hoje está por aí circulando livremente e articulando tiranias, possa nos trazer qualquer esperança. É só mais um tipo de  Grande Irmão latino. Uma grande bosta quase humana.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Shot 08-02-2021

Com 6 dezenas de pedidos de impeachment, aquele que não falo mais o nome observa que não existe um candidato a sua altura. 

Minha observação é que no momento não precisamos de candidatos a altura, mas sim de algum presidente.

domingo, 3 de janeiro de 2021

"VOCÊ TEM QUE... "

Poucas coisas me tiram o humor. Talvez possa elenca-las nos dedos das mãos. Uma delas - talvez a do dedo médio - é a mania de quem nada sabe sobre mim começar a frase professoral sobre minha vida dizendo: "Você tem que..."

Reparei que não é questão de idade ou gênero: novos, velhos, homens, mulheres, alguns CPN's (coachs de porra nenhuma) - gostam de demonstrar um conhecimento profundo sobre questões que são só suas e sobre as quais você não pediu opinião.

O "você tem que..." é parente do "você sabe com quem está falando", do "claro que não, meu filho", do "é gente minha...", do "mas é óbvio" ; cada uma em seu grau de arrogância e ocasião. 

Têm ainda os que fazem questão de querer mandar nas suas opiniões ou atos. Leia esse livro. Compre esse carro. Coma nesse restaurante. Veja esse filme. Esses merecem menos ainda minha atenção. 

Durante um tempo muitos sapos foram engolidos pela educação e pelo entendimento de que, apesar de tudo, são sempre necessárias a civilidade e a empatia. Entretanto, como não tem havido contrapartida desse, daquela e do mundo em geral, não vou mais me preocupar - não mais - exceto para quem a mereça. Logo: "você tem que... NADA!" 

Para o "você tem que..." a resposta adequada e na mesma medida, daqui para frente é o "não te perguntei porra nenhuma" - que é tão arrogante quanto. E nem adianta questionar, senão...