sábado, 25 de julho de 2015

PACOTÃO DE CRÔNICAS - NOVO LIVRO "TEMPORADA DE CAÇA"




Então, para ficar mais fácil, selecionei os textos daqui, dali e de acolá para consolidar os pensamentos entre 2013 e 2015. Joguei no caldeirão e, usando o título de uma das crônicas montei fora de qualquer ordem cronológica algumas observações sobre as coisas que tenho visto nos últimos tempos.

Que os últimos sejam os primeiros.

Beijos e abraços em todos. Espero que gostem !!!

Está disponível no AQUI: Clube de Autores - "TEMPORADA DE CAÇA" - CLAYTON CRAVEIRO

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O QUÊ SÓ FALTA



Quando meu filho era pequeno - com três ou quatro anos - e a gente precisava passar em qualquer outro lugar antes do destino que falávamos para ele, dizíamos que "só falta passar ali, depois vamos para lá..." Com o tempo, se algo demorava a acontecer, ele perguntava: "o quê só falta, pai ?"
Acho que me adapto a qualquer coisa; azeitona na comida, camisa sem bolso, inflação real de dois dígitos, trem lotado, nhoque congelado, maionese na pizza,...
Enquanto o tempo passa rápido, as coisas vão acontecendo e mudando sem espera. Acabamos pegando a alça do último vagão e seguimos viagem. Mas creio que as relações vão ficando menos estreitas, mais esparsas, e um bocado distantes. Distâncias mensuradas em bandas e conexões rápidas. Temos que nos adaptar também a isso.
Só que têm horas que falta o contato ao vivo, o olhar cara a cara, o abraço, o aperto de mão, a conversa longa, sem compromisso e sem interrupções no papo fiado.
Têm dias que não basta que um programa qualquer me pergunte "No que você está pensando?", ou ser atualizado por outro que me propõe novidades dizendo
"Enquanto você esteve ausente". A timeline daqueles que conheço é insuficiente para permanecer conhecendo. No máximo, atualiza seus históricos de dados e acumula registros de suas vidas em minhas tabelas, falando tecnicamente.
E neste conjunto tecnológico superficial, pessoas que não conheço ficam trocando insultos, travando batalhas de sarcasmo e ódio a respeito de todo e qualquer assunto, atrás de touchs ou teclados, deixando para lá ou exacerbando o que temos de mais humano, ou seja, nos tornando animais humanizados, no pior sentido que os radicais desses termos carregam.
Tá demorando a hora de parar um pouco. De parar de olhar para tela ou para relógio. Agora que as coisas estão assim, percebo "o quê só falta" para o mundo: uma poltrona, um café e uma boa conversa.

sábado, 4 de julho de 2015

ORGULHO DE SER EU MESMO



Como ando sem paciência para entrar em discussões idiotas e sem o menor sentido - pois quem está muito preocupado em estabelecer o que quer que seja, para vida de quem quer que seja, provavelmente não tem tempo de cuidar do que quer que seja da própria vida - esclareço que, em caráter definitivo, pertenço a uma minoria. Assim, levanto aqui minha bandeira, minoritária, mas limpinha:


"ORGULHO DE SER EU MESMO".


Saco cheio de "radicais livres" de todos os lados e opções. Cortem-lhes o microfone. Ou, como disse o careca, que vão caçar uma rola !

Tempos de gente babaca.

Sem paciência. Sem comentários.

Publicado no Facebook em 01/07/2015

INCOMODADO

Sobre o ataque racista à jornalista Maria Júlia Coutinho.

Vamos lá.

Algumas coisas me incomodam.

Porta batendo, abrir ovo podre, gritaria por nada, trocar resistência de chuveiro, topada na quina da cama, injustiças em geral,...

Mas se há algo que me incomoda de fato é o preconceito racial.

Minha cara; minhas porções de pai e mãe; meu DNA misturado de índio, europeu e africano; assim como a maior parte dos nascidos em Pindorama - só me levam a crer que existem pessoas (?) com sérios problemas mentais.

Neste cu do mundo, onde uns ufanam ser uma democracia, o que dizer da imbecilidade coletiva de algumas dúzias de filhos da p#ta que se aproveitam da rede para debochar de alguém que avança em sua atividade com alguma exposição, somente por entenderem que existe alguma diferença entre o injuriante (no caso, o filho da p#ta em questão) e a agredida?

Mas sim, existe uma diferença. A estupidez altiva de quem se considera acima do outro, enquanto boia no buraco do boi.


Como já disse antes, isso é caso de botar em cana. Estarão no local apropriado para novas injúrias.

Que se localize os ofensores e "curtidores" (pois quem curte imbecilidade é imbecil também) e depois, como me dizia um professor: "vaaapo!!!"

Jaula neles !!"

Publicado no Facebook em 03/07/2015

MUDANÇA


Quando eu mudo de casa, invariavelmente volto ao passado. Não, esse não é um texto piegas. É quase uma reclamação. Como acumulo porcaria! Papéis, apostilas, cacarecos que ganho, folhetos que pego por aí, achando que um dia terão serventia, notas de supermercado para comparar preços( devo ser maluco?!), revistas, contas velhas, manuais de aparelhos que nem tenho mais, ... Para quê ?

Não, não sou um acumulador. Ou teria essas e outras muitas coisas em grandes quantidades. Tem gente que leva até lixo para casa. Não é lixo. São as coisas que são guardadas e esquecidas por ali e encontradas em momentos desnecessários, onde até um clipe de papel atravanca o caminho. Tudo prende o batente da porta. Tudo bate na parede estragando ainda mais a gasta pintura. Coisas que eram para ser deixadas para trás. Queria ser um elo perdido. Um nômade só para carregar minhas quinquilharias básicas: minha pele de dente de sabre e uma arpão.

Tá certo, acho outras. Ou ainda revejo as coisas que sempre soube que estavam ali e me davam e dão imensa satisfação. Fotos antigas, carta da mãe, da vó, a camisetinha da escola de séculos atrás, o carrinho miniatura comprado num aeroporto qualquer,... Mas essas, que se fez questão de guardar, tem lugar certo. Ficam por ali no cantinho e provavelmente ficarão para posteridade. Como as canções de um velho CD que em algum momento foi o melhor da sua vida, até que surgiu outro que foi o melhor da sua vida, e outro, e outro... Histórias em reticências. Mas tem a chave de fenda e a porra da fita crepe perdidas na confusão.

Não, não dá para ser piegas em dia de mudança.