segunda-feira, 21 de abril de 2014

PÃO E CIRCO



O genial Adam Smith é o pai da economia moderna. 


Em “As riquezas das nações”, a partir da ideia geral de que o homem age a partir dos próprios interesses, formatou os conceitos sobre o liberalismo, economia de mercado e desenvolvimento da livre iniciativa. Nessa obra riquíssima, existe uma frase que sempre me chama atenção, apesar definitivamente não ser o conceito final de seu próprio raciocínio: “O HOMEM FAZ BARGANHAS”.


A partir desta frase, e retornando um pouquinho no tempo, Bertrand Russell lapidou que “O MUNDO SE TORNOU MAIS PARECIDO COM AQUELE DE MAQUIAVEL”. A maneira deter o poder, considerada por Maquiavel em seu livro “O Príncipe”, onde prevalecia a tirania.


Retornando mais ainda ao passado, nas “Sátiras” de Décimus Juvenalis, ou simplesmente Juvenal, sobre o império romano, dizia que para que o poder constituído mantivesse as massas em estado de prostração, bastava corrompe-la pelo prazer, dando-lhe o PÃO E O CIRCO.

Hoje, feriado que de alguma forma me remete o pensamento mais que libertário, acordei cedo para comprar pão e juntei esses pequenos conceitos que passaram pela minha cabeça neste fim de semana, entendendo que a tirania que se instala vem necessariamente de quem detém o poder (estou sendo propositalmente redundante), como de costume, dessa e de várias outras formas. 


À massa desafortunada, que não tem poder ou o dinheiro, são propostas diariamente pequenas ou grandes barganhas. As pequenas e efêmeras trocas – como um showzinho na praça, um torneio de futebol, bolsas isso ou aquilo e até mesmo um feriado (porque não?!) - são prazeres ou coações coletivas que acabam por trazer-nos o respiro forçoso de um balão de oxigênio. As maiores, muitas vezes são oferecidas por baixo dos panos, para furtivamente tentar comprar-nos a essência; corromper-nos, enfim. Aos que têm caráter duvidoso, efetivamente compram. Há ainda os que batem no peito para defender o indefensável. 


Uma barganha na encruzilhada, como o mito de Robert Johnson. 


O fato é que a caravana passa e o pão não nos é dado; suamos para ganha-lo todos os dias. 


O que fica para nós que não fazemos barganhas? 

Bom feriado.

sábado, 19 de abril de 2014

A PÁSCOA DO MERCADO



A “páscoa” é uma coisa idiota!


Não, no sentido bíblico da parada. Quem tem sua fé entende perfeitamente sobre a Páscoa. Não estou falando sobre ela ou de qualquer coisa espiritual.


Falo da páscoa com letrinha minúscula; a “páscoa do mercado”. Aquela que te impõe produtos, que te oferece ou te vende coisas estúpidas ou as quais podemos passar sem elas. Vou lembrar três coisinhas que só vem piorando desde que meus pelinhos do nariz eram todos pretos.


Chocolate é uma delícia. Adoro chocolate. EU como chocolate o ano inteiro. Por que na páscoa te vendem o mesmo chocolate que você come o ano inteiro a R$1,50 a cada 100 gramas, te oferecem nesse período ao "módico" preço de R$ 25,00, injustas 300 gramas? É por estar no formato de um ovo? É por fazer com que um coelho de pelúcia faça força a partir de uma cloaca imaginária e expila um grande chocolate oval com um brinquedinho dentro?


Eu, o otário consumidor, compro para agradar as crianças - não digo que não! Faz parte da vida de pai.


Mas não é só o preço do chocolate que me deixa puto.


Por que na “páscoa do mercado” te lembram que é o período que você deve consumir peixe? Usam um argumento relacionado à fé para te fazer ir à peixaria do supermercado olhar por dez segundos com aquela cara de Capitão Ahab, profundo conhecedor da fauna marinha, e perguntar para o peixeiro: ”esse é bom pra assar?”, fazendo com que seu orgulho vá direto para o ralo, assim como o gelo que escorre do balcão frigorífico.


Aí você chega em casa com doce ilusão pascal de que assado, aquele ser inanimado que fica olhando para você enquanto você o besunta com uma mistura de limão, alho, alecrim, azeite e sal, após gastar hora e meia de gás, ele vai ser gostoso. E ao final deste tempo, ao tira-lo, você descobrirá que terá que brigar com as moscas que até então só sobrevoavam a janela de sua cozinha, e, vindas agora em  definitivo como diz o Galvão, migram da rua - pois o prefeito não manda recolher o lixo adequadamente mesmo depois de você pagar uma maldita taxa de lixo - para invadir sua casa, atraídas pelo cheiro inconfundível do peixe, e para salvar o almoço, você manterá sobre a mesa um pano de prato que rodará intermitente sobre a terrina, como que rodando uma camisa no Maracanã, para espantar os seres voadores indesejados. 




Aí, com uma das mãos, já que a outra comemora um gol que nunca saiu, você dá a primeira garfada e perceberá que uma porção de peixe com espinhas circulam em sua boca, pois você foi ouvir o conselho do peixeiro que aquela “marca” de peixe quase não tinha espinhas...


Se quiser, na páscoa do mercado, te oferecem bacalhau! Bacalhau?! Seria uma delícia se fosse bacalhau o que te vendessem! Vamos lá, sejamos menos exigentes: peixe salgado. Salgado como o preço! Ninguém compra ou come bacalhau todos os dias, ou, que seja, uma vez por semana. Exceto quem vende bolinho de bacalhau – você conhece alguém? Um bom português ou norueguês que consuma a iguaria como se fosse água? – e ainda nos espantamos com o preço. Fui tentar comprar o tal peixe salgado essa semana e o preço equivalia a uma cota do meu IPTU. Faça-me o favor...!!!


Mudei! Na próxima “páscoa de mercado” aqui em casa vai rolar bala Sete Bello e churrasco!

Tirando meu mau humor, desejo a todos boa sorte e boa Páscoa; a de verdade, ok ?!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

#AFTERSEX !!



                   Tem certas coisas que eu acho muito engraçado

              
               Tá certo que a gente tem que ter amor próprio e a auto exposição é coisa dos dias de hoje. Smartphones e tablets são o toque final da egolatria sem fim que encontramos pelas redes sociais. Anteontem bati os olhos em algumas fotos na rede nos informando: #aftersex! Aí aparecem as imagens de casais em um autorretrato, supostamente deitados juntos após o sexo.


                Celebração do regozijo? Sei lá... Tem tanta gente esquisita. Nada contra. Cada um, ou cada dois (sic) faz(em) o que quiser(rem). 


       Afinal, selfie consentido não é estupro !!!


               Acho que eu tô ficando velho. Desde moleque - e já faz tempo isso - aprendi que quando fazemos essa coisa deliciosa que é o sexo, guardamos para gente. Não aprendi com ninguém, não. Talvez por um pouco de autopreservação e muito por respeito a quem esteve comigo.

Mas tinha uma galera que espalhava para todo mundo. Uns caras para dizer que eram garanhões e algumas delas para serem descoladas e demonstrar alguma experiência. Talvez hoje o #aftersex seja isso levado quase às últimas consequências. 


Se eu tivesse nascido diferente do que sou, acho que faria melhor. Não fotografava; filmava e vendia. Faturar uma grana, sabe...


Ficou uma dúvida: selfie depois do sexo vale sozinho?

VOCÊ PODE OUVIR: "AFTERSEX"



Boa semana !