sexta-feira, 20 de novembro de 2020

ANESTESIA

Eu leio textos de humor o tempo todo.

Uma das páginas que leio, esculhamba todos os dias os dois neurônios presidenciais. Ironia e deboche, a quem precisa ser ironizado e debochado. O tema de hoje foi "O dia da Consciência Negra".

Um dos tópicos, sutilmente abordados foi o assassinato covarde de um homem negro por dois seguranças do Carrefour.

Leio os comentários para saber a "temperatura". Num deles, e é esse o qual me atenho:

"Triste país e o que fizeram com ele. Mas... Segue a vida".

Não. A vida não segue e esse não é um texto de humor.

A vida foi violentamente interrompida. 

O tal racismo estrutural que a hipocrisia branca nega se faz presente e mais uma vez é letal. 

Enquanto o inconsciente coletivo se mantiver anestesiado, a complacência com o erro deixará o legado que teremos. 

Quem aceita e não se opõe - não só ao racismo, mas ao conjunto dos escombros sociais no qual nós estamos soterrados - merece exatamente o que tem. 


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

EQUAÇÕES

Que inusitado: o lado de X torce para que os elementos de Z, contra quem vociferava até dias atrás, para que estes abram as bocas e denunciem Y, a quem deseja com veemência, que saia do posto onde X já esteve. 

Enquanto essa equação não se resolve, quem observa só se F.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Xamã

Xamã é um tipo de líder espiritual em algumas tribos indígenas. 

Um sujeito raro que consegue ver no escuro, entender o passado e prever o futuro, entre outras malandragens (no bom sentido, claro!). Bom papo com os “entes” ; convincente... “Chama o Xamã, que os espíritos da floresta vêm dar uma força !” E como isso é necessário hoje! Por isso, é querido entre a “indialhada”, o Xamã. 

É incomum, mas a “porção índio” que habita em mim às vezes vira um Xamã.

Então, “Pensamento do dia” do Xamã:

"Índio, caso algum “Cabral” venha a oferecer espelhos e miçangas para tribo, esqueça! Vá e tome a caravela! Combinado?!"

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O MENTIROSO

Têm muitas vergonhas que um sujeito pode passar enquanto passa pela vida. As vezes ele não precisa sentir vergonha pois têm coisas que ele não pode controlar. Outras vezes ele é o elemento principal provocador da vergonha, sabe disso e não se importa.

O atual "Chefe de Estado", como eu já previra em 2018, caso vencesse as eleições, passou pela vergonha de ser atestado como mentiroso em diversas línguas, no discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, desafiando o bom senso, a medicina, a física e a matemática. 

Um ridículo show de horrores de um "líder" omisso e mentiroso, para omissos e  mentirosos.

Um imbecil, enfim.



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

INDEPENDENTE

O mais incrível da vida é que a gente não tem obrigação nenhuma de ser sublime.


É lógico que você não precisa ser um australopiteco, que nem um cara que a gente deixou circular por aí.

Na verdade tudo parte de um contrato social que você não assinou, mas que passa a vigorar na sua vida logo que você dá sua primeira respirada, sem máscara, fora do útero. 

Saudade da barriga da mãe, queridão ?!

Tirando essas convenções que dizem respeito exclusivamente à convivência da sua tribo, talvez gente não precise ser o perfume mais perfeito do jardim para agradar a todo mundo. Sem egoísmo; precisamos nos agradar primeiro.

Por aí é um terreno de convenções que a gente acaba aceitando para ficar parecido com o índio que está ao seu lado na oca. Assuntos repetidos, lados opostos, as mesmas conversas, modismos e discussões, repetido discursos, atos e fatos de outros coleguinhas para permanecer enquadrado e andar sempre rotulado

Esquisito que aparecem os mesmos argumentos "pseudo-libertários" repetindo o que se convenciona como um pensamento "independente" ou "empoderado".

Percebe? Quando você repete o mesmo discurso "independente" você se enquadra e fica igual a todo mundo que se acha independente? 

Percebe que querendo parecer independente, você acaba dando satisfação para tribo inteira do que você sente ou acha que sente; como você pensa ou repete o que te de alguma forma te encantou ; e do que você é ou o que te convencionaram parecer? (Valeu, Sr. Manfredini !!!) 

Essa independência é uma parada bem estranha...

A partir de imagem Agência Reuters



domingo, 9 de agosto de 2020

OBRIGADO, JAVALI !

Tem tanta coisa errada acontecendo no atropelo das horas (não mais dos dias).

Gente racista, gente perversa, gente ruim virando notícia. Gente com preconceito na alma. Gente indo embora de vez por uma peste, por negligência, por  incompetência e corrupção. Uma centena de pessoas - pelas fontes oficiais, o que já é absolutamente temerário - morreram nas Terras de Vera Cruz.

Mentiras contadas como verdades. Gente sem rumo pois lhe tiraram a estrada ou suas casas. O mundo ficou triste, perigoso e as pessoas ficaram chatas e odiosas.

Aí um javali rouba o laptop de um nudista e consegue enfim arrancar-me uma gargalhada.
😂😂😂😂

Obrigado javali. 🐗

PS.: pensando bem, agradeço também ao tiozão que come pizza e leva o laptop para um "lago de nudismo" (?!). Sem ele, nada disso seria possível. 👍


quarta-feira, 15 de julho de 2020

GENTE QUE DEIXA PARA DEPOIS...


Sinto um desconforto enorme com gente que deixa para depois. Não, não são os procrastinadores de trabalho, estudo, obrigações. São os procrastinadores de vida ! Você deve conhecer alguém assim. Gente a quem a vida propõe a limonada pronta e ela ainda quer ficar espremendo os limões. Gente que se ocupa demais ou se desocupa demais e em nenhum dos casos se deixa ser feliz.

“Vamos ver o sol nascer?” “Amanhã? Amanhã estou ocupado. Quem sabe depois...” Não que ver o sol nascer seja tão importante assim. Para você que entende tudo ao pé da letra, foi uma metáfora – o que no caso já é uma nova metáfora. E de metáfora em metáfora, essa gente deixa sempre para depois. Vivem num eterno estado denotativo, quando o mundo ao seu redor lhe pede para ser conotativo. Seguem a vida na dependência de consumir o próprio tempo levando o mundo nas costas e se esquecendo de  “ser”. 

Lembro que sempre dormia tarde para aproveitar a vida. E acordava tarde para ter energia para poder ficar até mais tarde acordado. Às vezes mais tarde era mais cedo para muitos. Não faz bem a saúde, mas aí é um papo para outra ocasião... 

Essa gente que deixa para depois, segue as regras, onde o tempo não pode nunca ser desperdiçado com nada que não seja uma “real” ocupação. Estão prontos para fazer tudo para “se livrar logo” - como dizem – para depois não fazerem absolutamente nada que dê prazer real, mas sim buscar outra coisa para “se livrar logo”. Não, não sou exatamente um hedonista. Prazeres são muitos, igual receita de Neston - cada um tem a sua. Mas acho muito estranha essa gente que deixa para depois.

Veja como são dúbias as pessoas que deixam para depois: querem fazer tudo o mais rápido possível e acabam por "deixar-se" para depois... 

Talvez elas sequer percebam que estão deixando para depois as coisas que de verdade importam e que jamais conseguirão recuperar, pois faltará tempo, faltará gente para compartilhar, faltará vida para deixar para depois.



sexta-feira, 10 de julho de 2020

"RISCO DE POETA É POESIA"



Em minhas incursões pela poesia, faz muito tempo, saindo de uma grande confusão que a vida em alguma hora nos coloca, decidi experimentar, sem compromisso e a toque de caixa essa poesia doida, urgente, e sem direção. 

Hoje entendo que, naquele momento, era o que se fazia necessário e fazia total sentido. Não era pela "arte"... Sempre fui arteiro - um arteiro sonso ;-) - era absolutamente pela atitude.

Agora, revendo o que fiz, escolhi o trecho inicial e adaptei/modifiquei uma palavra aqui e outra ali para dar-lhe melhor velocidade e fazer dizer exatamente o que quis dizer.

O poema completo, sem essas pequenas alterações está no meu livro Erogenia.


O que importa é a produção ! (fragmento 2020)


O que importa é a produção / preencher todos os espaços vazios / a qualquer custo / não importando / se estamos fartos por dentro / a visão / a mensagem / tem de ser transmitida / seja qualquer a forma / engolir o globo ocular / calcular perfeitamente o que dizer / enegrecer o branco da folha de papel / fazer verso / cordel / dançar sobre a máquina / lançar sobre o parágrafo um olhar curioso / “parágrafo : você está errado” / sempre dizer o que deve ser dito / parodiar situações grotescas / situar-se na falta de lugar / lotar o Maracanã / enchê-lo de palavras / desafio ímpar / catalogar / procurar a si mesmo no dicionário / atravessar essas polegadas / como se atravessa a Belém-Brasília enquanto escreve / formar uma... / não! / diversas famílias / saber que os versos estão certos / semi-metrificados / calcados em amparo legal / Digerir palavras ?/ Jantar a crônica diária? Talvez... / tomar banho / Sim, mas não, não parar / Fumar um king size (melhor  não) / achar interessante e não estressante /aquilo que nunca viu / engarrafar o trânsito / no meio do caminho / Não pegar a pedra / manter o ritmo / não perder o fôlego / correr de qualquer jeito / sentir dor no peito /mas continuar a correr / fazer cara feia / torcer o nariz / mas ler, gostar,  pedir bis / repetir a rotina sem ser redundante / mas ainda assim achar interessante / sinta-se num cofre de banco / sinta-se em Madureira / sinta-se num armário embutido /sinta-se na Rio Branco / Mas sair do lugar comprimido / e ser livre sem medo do risco / Pois risco de poeta é poesia/ e com ela é que a gente é feliz.    

sábado, 27 de junho de 2020

FESTA JUNINA POÉTICA


ALDRIN E ROSINHA

Acordava cedo, cedinho, Rosinha
Moça caprichosa, trabalhadeira, 
sozinha..
Era moça bonita, não duvida!
Mas tanta boniteza, tinha uma certa tristeza.
Saudade do que não pôde 
pois não tinha tempo pra amar, 
só trabalhar...

Ia à lida cedo, cedinho, Rosinha
Calada, esbaforida, sem pensar na vida.

Mas quando chegava junho 
se embelezava
Punha o melhor vestido

Vestida de musseline
Que costurou Dona Jaqueline
Disse que ia fazer sucesso e encontrar quem merecesse
seu coração na quermesse.
Não carecia nem prece pra acabar a solidão
e quem sabe, achar seu par.

Ela já agoniada palpitava em seu peito
Um coração sem jeito
São João não dava as caras
São Pedro ficava de longe
Santo Antônio nem ligava
O som da sanfona ficou raro
O coração ficou escuro

O seu fio de esperança
criança pedindo afago
Era um moço vindo de fora
Que lhe olhava com vontade
Em toda festa na cidade
Mas sem nunca lhe falar

Não sabia nem seu nome
Perguntou pra todo mundo:
"Era um tal desconfiado"
"Engenheiro da usina"
"Um tipo meio calado"
"Veio lá de Teresina"

Até que chegou "um acaso"...

Ele esbarrou-lhe o braço
E sorriu meio amarelo
"Desculpe linda moça.
Sou sujeito atrapalhado
Quando dei por mim
estava aqui admirado
Encantado em sua beleza
Mas seus olhos, de um raro
Não tem como não pôr reparo
No olhar, uma tristeza..."

Rosinha baixou os olhos
e seguiu o seu caminho

Ele de longe, embevecido
Na timidez que o afligia
Toda vez que via a moça
com vertigem de falar.
Agora que tomou coragem 
Não ia perder a viagem
Deixando a moça em outro rumo
quase a lhe deixar sem prumo 
Gritou de longe:
"Olhe moça, meu nome é Aldrin"

Sim !

Ela sorriu satisfeita, 
parou e voltou atrás.

E não sei se foi o começo...

Só agradeço essa história
Pois timidez é de longe
Mal que a muitos consome
Sensação sem glória. 
Mas quando se vence o medo

Têm-se muito a festejar.

Toque a vida sanfoneiro...
Pode tocar...



O CAUSO DO PADRE FESTEIRO

Vou te contá uma história
Então que a hora é chegada
Que o povo tá até esperando...

...e rindo, Nó'Senhor, lá em cima
pois Ele é bem humorado
Ma oceis tão aí brincando
E nem esperarum por ele
E é bom tomar cuidado
Pois eu sou "representante"
e nem por um instante 
se deve mangá com o sagrado !

Sou vigário desde a escola
Que só fez trupicá  na roda
Fiz farofa na sanfona
Já dancei com marafona
E já cantei muita moda
Nos arraiá afora à vida

Já teve graça, teve canto,
Teve até bebum chorando
fazendo vergonha nos canto 
por causa de muié sofrida 

Na zona
Tem raspaz que passa perfume
Tem moça que gira o vestido
Tem traçado com caipira virado
E tem troça com padre atrevido
Feito eu...

Antes do arraiá 
botei minha fantasia
pintei meus bigode de imberbe
e no caminho da folia
Encontrei casal na estrada
que parecia fugido
Mas como, com isso não tenho nada
Achei melhor "O calado"
Nesse caminho comprido.

Mas eis que chama a moça:
"Seu vigário vem cá.
Nós precisa de uma força,
pra mó da gente casá"

"Se por acaso o pai dela"
- Disse o cabôco assustado - 
"nos pega pelo caminho
Aí nóis tâmo lascado.
Casado, não pode fazê nada,
Pois aí o bem já está feito
E muito a gente se gosta
dá até aperto no peito."

Eu padre de mentira
Até gostei dessa prosa
Perguntei o nome dos dois
Ele, Aldrin, e Ela, Rosa

- Você, cabôco aceita essa Rosa
como legítima esposa?
Sim !!!!
- Você, cabôca aceita esse Aldrin
como legítimo esposo?
Taméin Sim !!!
Se no meio dessa picada
tem alguém que contrarie deles casá
Pode intão passá fora !
É meió chegá pra lá !!!

Pois como representante dessa igreja sagrada
Faço marido e muié 
e é meió cês pegá a estrada
senão o pai dela que te pega
e vai metê mais que a cuié !

E forum feliz para sempre
Um mintiroso fez um bein
Inté eu num creditu
Mas festejei isso taméin.

AMÉM !!

sábado, 20 de junho de 2020

PARASITA


Agora, o atual presidente - que continua sem trabalhar a não ser para si mesmo, bostejando provocações e ameaças a adversários dentro e fora de seu bunker - precisa administrar mais uma nova crise, desta vez causada pela prisão do assessor de seu filho, "administrador" financeiro no esquema das "rachadinhas" na ALERJ. "Queiroz, onde estais tu, Queiroz...?". Estava na casa, sabe de quem...(?) perguntaria Luis Roberto depois do gol: na casa do advogado da família "Bolso", Fred Wassef. O mesmo que tempos atras, dizia desconhecer seu paradeiro. Que pitoresco !

O arrotador da moralidade do "cidadão de bem", parece sentir "certo desconforto" com a situação. Em sua "live tradicional" das quintas-feiras argumenta que Queiroz resolveu permanecer em Atibaia pois estava em tratamento de um câncer que o acometera. Taokei, Messias... A conversa parece não ter adormecido os bois que agora estão cada vez mais propensos a abandonarem o pasto e definitivamente se convencerem que esse capim não é bom.

Se, e somente se, Jair"M"&"B" conseguir chegar ao fim de seu mandato e, conforme estabelece nossa Constituição, promover o escrutínio - sem intervenções antidemocráticas - da mesma forma com a qual for eleito, aguardo uma acachapante derrota eleitoral e moral que findará - para o bem da democracia - com uma carreira política insignificantemente estúpida de ideias, e que tem durado quase três décadas.

Três décadas de consumo do dinheiro público para nada. Absolutamente nada.

Um Parasita, em maiúsculo.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

CÉSARES

Quando eu tinha treze anos, eu ainda nunca tinha brigado na rua. Diferente da molecada com quem eu andava, sempre fui o cara que separava. Um dia, provoquei uma briga só para saber como era. Acertei um soco e tomei uma gravata que encerrei após eu conduzir gentilmente meu adversário a alguns galões cheios de uma loja de tintas. Uma grande estupidez.

Meu filho já me observou, certa vez, que a Internet é um ambiente absolutamente tóxico. Sim, se tornou.

Estou certo que a comunicação entre o emissor e o receptor precisa ser clara, concisa, sob pena de levar seus interlocutores às interpretações que se baseiam somente no que está escondido em suas almas, muitas vezes beligerantes - a alma de um moleque de treze anos procurando briga. Procurando pelo em ovo.

Um campo de batalha sem fim, onde se buscam significados ocultos para apoiar a agressão e alimentar o ódio na rede. O "Veni. Vidi. Vici.", numa contínua Batalha de Zela.



Isso ocorre em TODOS os setores. Tenho percebido no campo político, onde se retroalimentam ; no espectro da cultura, onde pontos de vista não são respeitados ; entre pessoas comuns que assumem uma posição de embate eterno. Escrevi sobre isso tempos atrás em "Os Definitivos".

Na última semana tive acesso a um diálogo entre um pai de aluno e professores de uma escola pública de ensino médio onde uma pergunta do pai foi entendida como desrespeito à determinada professora e ele passou a ser atacado por outras professoras e pela diretora da escola num áudio absolutamente desproporcional e descabido. Não havia nenhum desrespeito no texto do pai. Mas o instinto bélico, a suspeita de uma mensagem subliminar, uma ironia maldosa, um estopim para o bate boca, parecem estar no espírito nefasto da Internet. Um despropósito.

Nessa pandemia, onde não se permite o cara a cara presencial, participei sábado passado de uma live poética e um de meus textos dizia: "me mandaram odiar você / pois tenho que apoiar a violência gratuita / ao invés da conversa franca e desarmada[...]/ não acato ordens".

Todos querem ser César nas redes sociais, ou, ao menos, um estúpido garoto de treze anos. 

sexta-feira, 5 de junho de 2020

DISTANCIAMENTO SOCIAL 2


Releio algumas coisas que escrevi nos últimos dias e percebo que ultimamente tenho uma certa angústia e urgência a respeito de pessoas. Um menino metralhado pelas costas em casa; milhares de vidas se perdendo a despeito de políticas e políticos sem sensibilidade e de extremo egoismo; um homem morto sufocado por outro homem que desejava demonstrar uma autoridade que não deveria possuir;...

Há sempre uma questão humana a ser resolvida. Nestes casos uma questão coletiva que interfere individualmente na vida de todos. Todas, sem exceção são como um soco no estômago. Todas são carregadas de imenso sofrimento, tristeza e revolta.

A última, das que sabemos, foi que Miguel Otávio, de cinco anos, foi deixado à própria sorte pela "patroa" de sua mãe para morrer despencando do nono andar de um prédio de luxo no Centro de Recife, enquanto sua mãe levava os cães de sua "patroa" para passear. A negligente "patroa" - Sari Corte Real - pediu à polícia que sua identidade fosse preservada após ser liberada ao pagar 20 mil reais de fiança. Seu nome é uma piada de extremo mal gosto.

Quanto pagaria a alguém para preservar a vida de uma criança? Não pagaria.
 
Ninguém deve morrer por negligência. Ninguém deve deixar de ser punido por ser rico.

Nos pedem distanciamento social para nos prevenir de um vírus. O distanciamento social sempre existiu entre o pobre, preto, empregado, e a elite, branca, abjeta. Esta distância não nos previne de nada, só nos afasta do que deveria ser nossa humanidade. Ao final desta pandemia, será imprescindível rompe-la.

Imprescindível.




quarta-feira, 3 de junho de 2020

A BLACK MAN



Na última semana mais um episódio deu visibilidade ao indisfarçável racismo das sociedades ocidentais. O assassinato de George Floyd, em Minneapolis, que foi sufocado por um policial que se manteve ajoelhado em seu pescoço por oito minutos enquanto suplicava por não poder respirar, foi - como deveria ter sido - o estopim para manifestações em vários locais dos Estados Unidos e pelo mundo. As imagens revelam que o homem, estava algemado e cercado por outros três policiais brancos que não fizeram nada.

No Brasil, dizem que este racismo é velado. Não, não é. A contar pelas estatísticas policiais, IDH, PIB, e demais fatores que fazem pesar esta balança somente para um lado. Aqui matam-se crianças pretas dentro de casa em comunidades pobres. As estatísticas dizem ainda que aqui as mulheres pretas não conseguem trabalho pois são, em sua maioria, pobres, sem formação, menores de idade e tem filhos pretos. Aqui, talvez como lá, nossos George Floyd's são vistos pelo "racismo velado" como alguém que pode oferecer perigo pois é pobre, vive em favela, mas sobretudo porque é preto.

Ontem um áudio de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, organismo estatal que, tem como missão preservar os valores culturais, sociais e econômicos da etnia e sua influência em nossa sociedade, manifestou seu ponto de vista sobre o que acha de sua própria raça, chamando-a de "escória maldita". Só vejo valor na Fundação Palmares, em seu presidente não.

Hoje tomei um passa fora de uma pessoa por meu posicionamento indignado quanto ao racismo. A pessoa que me "passou fora" disse que eu era branco e brancos não podem reivindicar o "protagonismo" pelo papel da "sua raça". Tentei entender esta argumentação torta mas não consegui.

No meu DNA  de pai e mãe, avôs e avós, há uma mistura de várias etnias, logo, para mim não há motivos de distinguir-me. Sou somente um macaco que virou bípede, jogou o osso do tigre para o alto e hoje limpa a bunda com papel higiênico, como qualquer um que me lê - possua mais ou menos melanina - isso, de verdade não importa.  

Minha defesa, é como defender o cabelo "black power" do meu pai, que, assim como Crioulo (o cantor), era muito branco para ser chamado de preto pelos pretos, mas era preto aos olhos dos brancos. Brasileiros, somos essa mistura. Olho para meu rosto no espelho e vejo traços de pelo menos três etnias. Nenhuma delas deveria sobrepor à outra.

Não há - como não deveria haver em nenhum lugar do mundo - nenhum sentido para o racismo. Continuarei me opondo ao racismo e não há qualquer protagonismo nisso. Somos humanos. 
  

sexta-feira, 29 de maio de 2020

SOBRE A ESTUPIDEZ

Na estimativa do IBGE de 2010 a cidade onde moro, no interior do Rio, tinha a conta aproximada de 26300 habitantes.

Hoje a pandemia, segundo os números oficiais, contabilizou mais de 27000 mortos no Brasil, sem contar as sub-notificações. É como se todas as pessoas de uma cidade do tamanho da minha tivessem morrido em três meses.

É uma coisa estúpida perceber que os jornalistas vêm sentindo um certo alívio quando noticiam que as mortes não passaram de 1000 naquele dia. E frustração quando os números passam. Ninguém gosta de dar esse tipo de notícia.

É mais estúpido perceber que o presidente do país onde vivo não  liga. Está envolvido em criar um factoide diário para resolver as "kuestões" criminais dos filhos e outros criminosos que os circundam. O permanente estado de tensão que no começo de seu mandato produzia um inimigo "opressor" a cada semana, agora consegue fazê-lo a cada dois dias. Ele e seus filhos performam um curioso caso de "vítimas da sociedade" em mais um discurso estúpido para gente que insiste em acreditar, e para a claque paga que diz amém no cercadinho - e isso é definitivamente estúpido.

É ainda mais estúpido observar que ele incita, de forma velada, seus apoiadores a cometerem crimes contra membros dos demais poderes enquanto ele mesmo -  por enquanto - está protegido pela Constituição. Logo, essa adesão é um estúpido tiro no pé. No xadrez, os peões vão na frente. Neste terreno, "a boiada".

Ouvindo ainda mais números, ontem, a conta que se fez no dia foi a de que 35 cidadãos brasileiros foram a óbito para cada hermano falecido, aqui ao lado, em terras de alfajor. Lá, as articulações e ações para o enfrentamento da doença foram eficientes e estão sendo levadas a sério. Como disse seu presidente: "Angustiante é que o Estado te abandone".

Na frente da tela, neste momento alguém pensou: "Então muda pra Argentina, comunista desgraçado!" Daí o título deste texto.


quarta-feira, 20 de maio de 2020

O CONTEXTO

Faz um tempinho escrevi algo a respeito da interpretação da grande "massa digital lacradora" a partir de discursos que pessoas públicas faziam e eram tirados do real sentido que queriam dizer - já meteram pau até no papa! Hoje parece que se propagam nefastas disputas cujas retóricas insanas, torpes ou demagógicas são usadas para atrair uma espécie de adesão emburrecida e empobrecida de cabeça. 

Algumas pessoas públicas deveriam tomar cuidado quando se referem ao sofrimento humano.

Nas última semanas tivemos exemplos claros. Um deles quando o atual presidente fez menção em fazer um churrasco com seus apoiadores, enquanto no mesmo fim de semana uma pandemia fazia-se conta de 10.000 vítimas fatais. Depois, um vídeo debochado sobre o uso de um medicamento que ele alardeia como um "poderoso elixir" - qual um charlatão viajante em cidades do interior - e, talvez saibamos motivo - teremos certeza mais a frente.



Mas eis que surge da escuridão nefasta do poder, para não ficar para trás em primária verborragia panfletária, o antigo presidente para, no meio de mais um discurso polarizador, mencionar os efeitos do Covid-19, não solidário à situação da população, mas no sentido de quanto pior melhor  aplicando sua "tese" ao modelo econômico. A frase, dentro de sua obtusa linha de raciocínio foi a seguinte: "ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus".

Entretanto, tão contaminante quanto o Coronavírus é o palanque de quem deve estar a salvo, tratando a doença como um "bem" - neste caso somente para seus interesses políticos - enquanto as pessoas padecem e os caixões vão sendo empilhados. 

Já disse tempos atrás que não nutro simpatia ou antipatia por ele - hoje é um sentimento neutro - muito embora questione seus métodos. Entretanto para seu texto, senhor ex-presidente, não há contexto que o defenda.

terça-feira, 19 de maio de 2020

DISTANCIAMENTO SOCIAL


Tem momentos que você fica triste, se compadece, tem compaixão por uma família que perde um ente querido. Temos vivido isso com certo distanciamento (ou não) e muito medo. Uma doença é a culpada.

A este sentimento se acresce uma imensa raiva, quando alguém é morto de forma violenta por quem seria responsável pela nossa proteção.

O interior de uma casa foi metralhado pela polícia em uma “ação sem inteligência” no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo. João Pedro brincava com outras crianças da sua família.

Seu corpo foi levado de helicóptero pela polícia e ficou sumido por 17 horas, até que sua família teve notícias de seu corpo no IML.

Não. O menino não estava envolvido com o tráfico.

Lembrei do Mano Brown: “Assustador é quando se descobre que tudo deu em nada e que só morre o pobre.”

Eis o distanciamento social.

sábado, 16 de maio de 2020

SCHWAERZENEGGER

   “A temperança é a arma dos sensatos” 
- eu disse para mim mesmo uma vez. 
Só que às vezes não faço o que eu digo.
Mas sem castigo
Estou farto de penitências a cumprir.

Na minha consciência, de verdade: não sei...
Sei que é necessário: 
segurar a onda e ficar na prancha. 
Dar um nó na rédea e não sair da cancha

O mundo tá tão sem norte, 
Tem tanto corte profundo em um monte de gente. 
Minhas conexões virtuais estão trancadas no planeta. 
Gente perdendo gente. 
Uma galera escondida 
com medo daquilo que não vê 
A medida? Somos nós aqui!

Meus amores,
Não confundam isolamento com prostração
Se você deixar pra lá
Você é deixado pra lá
Só que de lá não tem volta

Nos resta lutar, 
[não sem doses de revolta] 
com aquele predador
em plena luz do dia. 
Só que pra ele 
Reservemos os dois "gês" do Schwaerzenegger:
Guerra e galhardia.



sexta-feira, 15 de maio de 2020

O PANDÊMICO



Ontem, inquirido por um repórter sobre os resultados das ações de isolamento feitas pela Argentina ter resultado um número menor de mortos pelo Covid-19 do que o Brasil, Bolsonaro retrucou: “É só você fazer a conta por milhão de habitantes, e talvez… Vamos falar da Suécia? A Suécia não fechou. Pronto! A Suécia não fechou! Você está defendendo… você entrou pra ideologia. Você pegou um país que tá caminhando pro socialismo”, concluiu nervoso.

O presidente efêmero compara um país europeu com uma população menor e que não adotou o distanciamento a um país sul-americano de maior população que está fazendo o dever de casa. Na ocasião em sua cabeça confusa, procurou doutrinar seus "adeptos" a uma resposta pronta e sem consistência científica, inserindo sem nenhum sentido a palavra socialismo no contexto para tentar justificar sua enfadonha e sempre ridícula retórica.

Observamos que o caso do Brasil é mais dramático que os dois países mencionados. A ausência de testes suficientes e a politica de confronto eleitoral instigada pelo pandêmico federal confundem e afastam ainda mais a possibilidade de melhoria de ações que nos protejam de forma mais rápida e efetiva. Existem sempre factoides ou movimentos que procuram desviar do problema principal que hoje é a pandemia e que só se agrava com a sua total incapacidade de liderar um país, seja em um momento de crise ou não.

Considerando os casos de sub-notificação, ou seja, onde a causa da morte pela doença não pôde ser comprovada pela ausência de testes, não sabemos efetivamente se estamos "somente" nas 14.131 mortes, hoje, 15/05/2020.

Se você teve oportunidade de estudar um pouco de matemática, compare, senão jamais peça ajuda a Bolsonaro:

Brasil - pop. 220 milhões, 14.131 mortes;
Suécia - pop. 10 milhões, 3529 mortes;
Argentina - pop. 44 milhões, 353 mortes.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

DIA 56


Ouço um podcast qualquer. 
Passar o tempo enquanto trabalho. 
Os ouvidos escutam e os afazeres se fazem autômatos, autônomos. 
A audição é um ótimo sentido. 
Alguém debate que devemos fazer outras coisas; fugir à rotina diária. 
Ativar os neurônios cansados - é o que dizem. 

Não parece errado.



Assim, meu passatempo seria "cirurgias cerebrais". 
Faria externamente. Não espirituais. 
Não sou um charlatão. 
Cirurgias cerebrais são operadas com palavras, sim elas são. 
No prontuário, 
onde estiver escrito: 
"O paciente apresenta um quadro de insensatez momentânea. 
Este lhe causa afasia e erupções cutâneas. 
O quadro é agravado pela repetição crônica de mentiras, 
de palavras de ordem, 
sublimação da sensibilidade, 
incontida arrogância, 
negação do passado, 
delírios de grandeza imaginários 
e violência extrema.” 

Como um doutor, 
pegaria um Pilot e riscaria-lhe a cabeça. 
Faria um xis. 
“Este, enfim, será feliz.” 
Meu bisturi sonoro penetraria através dos ouvidos enfermos 
e aplicaria dezenas, milhares de vozes, milhares de vezes. 

Seria um Goldstein às avessas. 
Um grande irmão imaginário. 
Anestesiaria sua boca irascível para conter-lhe a ira 
e ao contrário, 
repetiria até a sua definitiva cura: 
humanidade, 
humanidade, 
humanidade, 
humanidade, 
humanidade,...


segunda-feira, 4 de maio de 2020

ESTÁ DANDO TUDO ERRADO... (?)



Está dando tudo errado...(?)

Como o "pibinho" foi mínimo; como o desemprego permaneceu em 12 milhões ; como o EUA não deram bola para a lambeção de saco institucional ; como a mídia comprada não foi suficiente no uso da propaganda chapa branca ; como apareceu uma pandemia que evitou o confronto físico nas ruas entre bolsonaristas e pessoas com sanidade mental e, consequentemente, não houve motivo para apelar para as forças armadas e instaurar um Estado de exceção ; como as previsões do astrólogo da Virgínia não deram certo ;
como as fake news são desmascaradas de forma mais rápida ; como as forças armadas aparentemente não compram os devaneios de um imbecil ; como o show de bravatas são rebatidos com sabedoria constitucional pelos membros do STF ; como o juiz que era o arauto da moralidade até tempos atrás mostrou, por interesse próprio, a cara de um poder corrupto ; finalmente o obtuso apela, alinhavando de forma escancarada, para o nefasto e velho fisiologismo corrupto do Centrão.

Pode dar certo para ele?

Pode.

Esse texto é só para demonstrar que nada mudou e que no prostíbulo sabemos quem se diverte e quem fica com a naba.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

O EXPERIMENTO DA POMBA




Legal, tem uma galera com pensamento positivo comemorando os casos de pessoas que se recuperaram do covid-19.

Alguns colocam aspectos religiosos na questão, como se uma graça de qualquer divindade fosse responsável pela cura. Posso divergir, mas respeito. Não há nada comprovado, mas posso admitir que o restabelecimento da saúde de um individuo pode, além dos aspectos intrinsecamente biológicos e medicinais, ter relação com o quanto ele está motivado em se recuperar e que um desses motivadores pode ser sua fé. 

Em contraponto, que a doença e as mortes fizessem parte de um plano conspiratório ou espiritual e que isso estava sendo tramado ou escrito em algum lugar inacessível aos, literalmente, pobres mortais. Aí,... No way, baby.

Fazendo as contas no Brasil e no mundo, hoje, maio de 2020, a média percentual de óbitos na pandemia é de 7% – óbitos dividido por casos confirmados.

Acho que está na hora de a gente ser mais objetivo com o esforço para que isso seja menor, diminuindo o risco de contágio através de medidas que já estamos carecas de saber que devem ser feitas ; e, em hipótese alguma, esperar por um milagre. 

A redução de mortes e diminuição do contágio não depende de uma divindade; depende EXCLUSIVAMENTE de você e quem o cerca. Depende EXCLUSIVAMENTE da sua motivação de viver e deixar viver. Depende EXCLUSIVAMENTE da sua consciência de que sem saber - pois a doença pode ser assintomática - você pode estar se matando e/ou matando ao outro - filho, pai, mãe, avós, sogro, sogra, amigos, etc. É somente a sua  empatia que decide se você é bom ou se você é um merda.

Portanto, não há um fator divino para as escolhas de quem vai ou fica conosco, somente o fator humano. 

Qualquer coisa diferente disso é igual a soltar pombas brancas pela paz mundial. Espiritualmente poético, mas não adianta NADA.

terça-feira, 28 de abril de 2020

TABACARIA - fragmento - Álvaro de Campos, Pessoa, pessoas, mundo inteiro...




(Come chocolates, pequena; 
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)



Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, pessoas, mundo inteiro...

O NOME É FUNK ! O NOME É PARLIAMENT-FUNKADELIC !

Como andamos em isolamento social nestas paragens e paragens distantes mundo afora, apartada a maldade de ficarmos distantes, desfrutamos de algumas comodidades no home office, pois o planeta ainda gira, exceto para os terraplanistas. 

Cutucando a rede, revirei e achei uma raridade porradística maravilhosa-fodante auditivo-sonora dançante, salve, salve muito !!!

A base do groove: Parliament-Funkadelic, ao vivo !!! Vídeo em preto e branco. Sonoridade preto no preto. Deixa tocar e sai dançando. Tem horas que é show, tem horas que é jam session, tem horas que é ensaio. Em todo o tempo, só diversão. Funk. 

Para ouvir fazendo qualquer coisa, em qualquer ocasião, festa, velório, despedida de solteiro, chá com a vovó, na hora do ato,...

Deixo o link pois sou bonzinho.


Parliament-Funkadelic - Full Concert - 11/06/78 - Capitol Theatre (OFFICIAL)


Na foto os geniais, George Clinton (de peruca) e Garry Shider (de fralda)  !!!



See you tomorrow...

quarta-feira, 15 de abril de 2020

R.I.P. RUBEM


Esta tarde partiu o último dos três cavaleiros Rubem's que restava. Partiram primeiro o Braga e o Alves. 
O de hoje, Cavaleiro das letras inesperadas. 

The Best, Rubem Fonseca

Acabaram as palavras.



This afternoon the last "Rubem" of the three horsemen left. Braga and Alves left first.
Today's, the horseman of the unexpected words.

The Best, Rubem Fonseca.

The words are over.

domingo, 12 de abril de 2020

SOBRE O QUE FALAR OU NÃO FALAR

Ah, cara, política não se discute."

Qualquer coisa que influencie direta ou indiretamente minha vida, devo discutir, debater, manifestar-me. 

Não nasci planta ou pedra, mas mamífero, humano, criado com leite ninho e manga carlotinha. Tinha tudo para dar errado. Mas não, continuo circulando por aí enquanto não me param. Animal, bípede "teclante".

Enquanto digito, aprendi a pensar por minha conta, logo existo e consigo produzir opiniões sem ctrl+c;ctrl+v. "Xeroque Rolmes" somente se, de fato, refletirem de alguma forma minha opinião - uma de minhas poucas certezas.

Enquanto não forem tolhidas nossas breves liberdades, eu falo. Se achar que algum interlocutor vale a pena ser respondido, me pronuncio. Senão deixo que permaneça reproduzindo suas bobagens sem problemas - cada um sabe do seu fiofó ou do fiofó onde quer meter o nariz.

Entretanto, tenho tido uma preguiça imensa para debater com os "convictos" donos da verdade absoluta.

Quem gostar, boa sorte.

sábado, 11 de abril de 2020

QUERIDÃO, NÃO DÁ...

Postei algo sobre a opinião da imprensa mundial sobre o atual "chefe" do executivo da União.

Um bom amigo, disse que eu deixasse isso para lá. Fiquei pensando nisso. 

Queridão, não dá. 

Sou de um grupo que tem maior risco de morte. Não tenho planos de morrer agora. Antes de pensar na coletividade, certamente estou pensando em mim e na minha família. Não quero sair por aí e pegar um vírus que pode me matar e matar às pessoas que me são caras. Não há idade ou condição para o vírus ser fatal. Logo, eu preciso ficar o máximo de tempo possível em casa, indo à rua somente para coisas imprescindíveis.

Na medida que alguém é capaz de influenciar outras pessoas a de alguma forma a não ter cuidados comigo, indo às ruas como se nada estivesse acontecendo e este influenciador é um idiota eleito por uma minoria (matemática básica - teoria dos conjuntos) que estupidamente o escolheu, a defesa da minha vida e minhas opiniões sobre o assunto passam a ser um ato político. Como tal, não devo me furtar em exercê-lo.

Se alguém que me lê agora e de algum modo não compreendeu que minha opinião é uma questão de "nossa" sobrevivência contra uma opinião estúpida, lamento, estes pensamentos nos distanciam.



My big friend, it’s not possible!

I posted something about the world’s press opinion of the current executive “chief” of the State in my country.
A close friend of mine said that I should let go and I kept thinking about it.
My big friend, it’s not possible!
I’m from the group that is at risk of dying from the virus. I don’t have any plans to die now. Before thinking about the community, I’m thinking about me and my family first because I don’t want to be around where there’s a virus that can kill me and the people I care about. There’s no age group or any condition that is immnune to this lethal virus. Therefore, I need to stay home as long as I can, only going out to buy essential supplies.
To the extent that somebody is able to influence others from somehow not taking care of themselves, going to the streets like there’s barely anything happening and that this “influencer” is a moron elected by a minority (basic math — set theory) who ignorantly chose for all, the protection of my life and my thoughts about the subject matter become a political act. As such, I shouldn’t shy away from exercising them.
If there is someone who’s reading this right now and somehow doesn’t seem to understand that my opinion is a matter of “our” survival against a stupid belief, I’m sorry but these thoughts tear us all apart.

CHOCOLATE (ou, Estupidez na pandemia)

🍫😋🍫😋🍫 😧

Vi na Internet um monte de gente estúpida que foi às Lojas Americanas, Niterói, BH, Nova Iguaçu, Rio... comprar chocolate no meio de uma pandemia.

Dizem que os prazeres inigualáveis do consumo de chocolate deixam vestígios que levam seis meses para sair do organismo.

Leva no mínimo quatro dias para que os sintomas da Covid-19 se manifeste no corpo contaminado. 

Espero que esse absurdo hedonismo gustativo não mate um monte de gente.

Saberemos em duas semanas.

sexta-feira, 27 de março de 2020

MANUAL DE INSTRUÇÕES DE "SERENIDADE RESPONSÁVEL" NA REDE EM TEMPOS DE PANDEMIA


Funciona assim: 

Têm uns caras que - não importa sua “pseudo” preferência ideológica - destros ou canhotos - repetem absolutamente tudo o que ouvem. E é um tal de copia e cola pois não conseguem elaborar nada que não venha de suas próprias cabeças.

A esses, que hoje chamamos de gado, antigamente chamavam-lhes de massa de manobra (termo que detesto). Então, esse gado repete tudo que ouve dos seus "formadores de opinião". Os chavões, clichês e bordões da última década são: "coxinhas", "esquerdopatas", "globolixo", “vejalixo, “folhalixo” - tanto lixo que não entendo o motivo de continuarem assistindo ou lendo ( será?) - "mídia vendida", etc. Até mesmo "gado" é um clichê – neste caso, muito útil. Surgiu nas últimas semanas o "chineses assassinos", um insulto inexplicavelmente xenófobo, variante do "Vai pra Cuba"... Tem uma galera bem doente. 

Minha opção ao ouvir estes termos falados ou escritos é ignorar. Não consigo manter uma conversa com quem os usa, justamente por entender que em suas cabeças o patati não mantém comunicação efetiva com o patatá – talvez somente para funções básicas como não borrar as calças enquanto pasta. Lembra muito aquele filme "A múmia" onde o povaréu saía pelas ruas como zumbi falando "Imhotep, Imhotep,...".

Hoje, enquanto o gado muge, temos um dilema natural em tempos de Coronavírus em terras de Ursal: saímos às ruas para trabalhar e voltamos para casa com um vírus que pode contaminar e matar alguém de nossa família ou a outros com os quais temos contato ou... - e esse é ou outro lado - ficamos em isolamento - parcial, como podemos ver - ao tentarmos preservar o máximo de tempo possível a saúde dos nossos ficamos com o medo de não termos dinheiro para nos manter?

Depois de algumas boas horas de informação com especialistas, eu me posiciono por apoiar  a primeira alternativa. Entendo, mesmo não sendo um infectologista e me embasando nos argumentos dos profissionais da saúde, que estão lidando diretamente com esta guerra que a partir dos milhares de casos de contaminação e morte em outros países que tivemos a possibilidade de observar como antecedência enquanto a pandemia se expandia podem ser tiradas algumas lições e a maior delas é que o isolamento deve surtir efeito, se observado o tempo necessário. Qual tempo? O suficiente para diminuir a expansão da doença.

Percebeu?! Quase não usei vírgula, mas também não briguei com o coleguinha, não troquei mindinho, não desconvidei para a festinha no play. Observe como é possível elaborar sua opinião sem se contorcer de raiva e espumar pela boca. Aliás, neste caso, considere procurar imediatamente um médico.

Viu como funcionou. Nem mandei o #JMB à m...

*          *          *

Este texto fora escrito horas antes do "poder central" - em conjunto com os bancos - informar que deverá custear a folha de pagamento das empresas cobrando "juros módicos" aos empregadores por dois meses, com o prazo de pagamento maior que os das Casas Bahia.

Ora, se a economia ganha uma sobrevida de dois meses, me parece que o objetivo é que possamos permanecer em isolamento, mesmo que parcial, para que possamos cuidar da saúde da população, estou certo?

Ou não é bem assim que o Corona toca...?!