quarta-feira, 3 de junho de 2020

A BLACK MAN



Na última semana mais um episódio deu visibilidade ao indisfarçável racismo das sociedades ocidentais. O assassinato de George Floyd, em Minneapolis, que foi sufocado por um policial que se manteve ajoelhado em seu pescoço por oito minutos enquanto suplicava por não poder respirar, foi - como deveria ter sido - o estopim para manifestações em vários locais dos Estados Unidos e pelo mundo. As imagens revelam que o homem, estava algemado e cercado por outros três policiais brancos que não fizeram nada.

No Brasil, dizem que este racismo é velado. Não, não é. A contar pelas estatísticas policiais, IDH, PIB, e demais fatores que fazem pesar esta balança somente para um lado. Aqui matam-se crianças pretas dentro de casa em comunidades pobres. As estatísticas dizem ainda que aqui as mulheres pretas não conseguem trabalho pois são, em sua maioria, pobres, sem formação, menores de idade e tem filhos pretos. Aqui, talvez como lá, nossos George Floyd's são vistos pelo "racismo velado" como alguém que pode oferecer perigo pois é pobre, vive em favela, mas sobretudo porque é preto.

Ontem um áudio de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, organismo estatal que, tem como missão preservar os valores culturais, sociais e econômicos da etnia e sua influência em nossa sociedade, manifestou seu ponto de vista sobre o que acha de sua própria raça, chamando-a de "escória maldita". Só vejo valor na Fundação Palmares, em seu presidente não.

Hoje tomei um passa fora de uma pessoa por meu posicionamento indignado quanto ao racismo. A pessoa que me "passou fora" disse que eu era branco e brancos não podem reivindicar o "protagonismo" pelo papel da "sua raça". Tentei entender esta argumentação torta mas não consegui.

No meu DNA  de pai e mãe, avôs e avós, há uma mistura de várias etnias, logo, para mim não há motivos de distinguir-me. Sou somente um macaco que virou bípede, jogou o osso do tigre para o alto e hoje limpa a bunda com papel higiênico, como qualquer um que me lê - possua mais ou menos melanina - isso, de verdade não importa.  

Minha defesa, é como defender o cabelo "black power" do meu pai, que, assim como Crioulo (o cantor), era muito branco para ser chamado de preto pelos pretos, mas era preto aos olhos dos brancos. Brasileiros, somos essa mistura. Olho para meu rosto no espelho e vejo traços de pelo menos três etnias. Nenhuma delas deveria sobrepor à outra.

Não há - como não deveria haver em nenhum lugar do mundo - nenhum sentido para o racismo. Continuarei me opondo ao racismo e não há qualquer protagonismo nisso. Somos humanos. 
  

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