Em minhas incursões pela poesia, faz muito tempo, saindo de uma grande confusão que a vida em alguma hora nos coloca, decidi experimentar, sem compromisso e a toque de caixa essa poesia doida, urgente, e sem direção.
Hoje entendo que, naquele momento, era o que se fazia necessário e fazia total sentido. Não era pela "arte"... Sempre fui arteiro - um arteiro sonso ;-) - era absolutamente pela atitude.
Agora, revendo o que fiz, escolhi o trecho inicial e adaptei/modifiquei uma palavra aqui e outra ali para dar-lhe melhor velocidade e fazer dizer exatamente o que quis dizer.
O poema completo, sem essas pequenas alterações está no meu livro Erogenia.
O que importa é
a produção ! (fragmento 2020)
O que importa
é a produção / preencher todos os espaços vazios / a qualquer custo / não
importando / se estamos fartos por dentro / a visão / a mensagem / tem de ser
transmitida / seja qualquer a forma / engolir o globo ocular / calcular
perfeitamente o que dizer / enegrecer o branco da folha de papel / fazer verso
/ cordel / dançar sobre a máquina / lançar sobre o parágrafo um olhar curioso /
“parágrafo : você está errado” / sempre dizer o que deve ser dito / parodiar situações
grotescas / situar-se na falta de lugar / lotar o Maracanã / enchê-lo de
palavras / desafio ímpar / catalogar / procurar a si mesmo no dicionário / atravessar
essas polegadas / como se atravessa a Belém-Brasília enquanto escreve / formar
uma... / não! / diversas famílias / saber que os versos estão certos / semi-metrificados
/ calcados em amparo legal / Digerir palavras ?/ Jantar a crônica diária?
Talvez... / tomar banho / Sim, mas não, não parar / Fumar um king size (melhor não) / achar interessante e não estressante
/aquilo que nunca viu / engarrafar o trânsito / no meio do caminho / Não pegar
a pedra / manter o ritmo / não perder o fôlego / correr de qualquer jeito /
sentir dor no peito /mas continuar a correr / fazer cara feia / torcer o nariz
/ mas ler, gostar, pedir bis / repetir a
rotina sem ser redundante / mas ainda assim achar interessante / sinta-se num
cofre de banco / sinta-se em Madureira / sinta-se num armário embutido /sinta-se
na Rio Branco / Mas sair do lugar comprimido / e ser livre sem medo do risco / Pois
risco de poeta é poesia/ e com ela é que a gente é feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou ? Não gostou ?
Aproveite e deixe seu comentário sobre o assunto !!! É bom saber o que você pensa !!