sexta-feira, 10 de julho de 2020

"RISCO DE POETA É POESIA"



Em minhas incursões pela poesia, faz muito tempo, saindo de uma grande confusão que a vida em alguma hora nos coloca, decidi experimentar, sem compromisso e a toque de caixa essa poesia doida, urgente, e sem direção. 

Hoje entendo que, naquele momento, era o que se fazia necessário e fazia total sentido. Não era pela "arte"... Sempre fui arteiro - um arteiro sonso ;-) - era absolutamente pela atitude.

Agora, revendo o que fiz, escolhi o trecho inicial e adaptei/modifiquei uma palavra aqui e outra ali para dar-lhe melhor velocidade e fazer dizer exatamente o que quis dizer.

O poema completo, sem essas pequenas alterações está no meu livro Erogenia.


O que importa é a produção ! (fragmento 2020)


O que importa é a produção / preencher todos os espaços vazios / a qualquer custo / não importando / se estamos fartos por dentro / a visão / a mensagem / tem de ser transmitida / seja qualquer a forma / engolir o globo ocular / calcular perfeitamente o que dizer / enegrecer o branco da folha de papel / fazer verso / cordel / dançar sobre a máquina / lançar sobre o parágrafo um olhar curioso / “parágrafo : você está errado” / sempre dizer o que deve ser dito / parodiar situações grotescas / situar-se na falta de lugar / lotar o Maracanã / enchê-lo de palavras / desafio ímpar / catalogar / procurar a si mesmo no dicionário / atravessar essas polegadas / como se atravessa a Belém-Brasília enquanto escreve / formar uma... / não! / diversas famílias / saber que os versos estão certos / semi-metrificados / calcados em amparo legal / Digerir palavras ?/ Jantar a crônica diária? Talvez... / tomar banho / Sim, mas não, não parar / Fumar um king size (melhor  não) / achar interessante e não estressante /aquilo que nunca viu / engarrafar o trânsito / no meio do caminho / Não pegar a pedra / manter o ritmo / não perder o fôlego / correr de qualquer jeito / sentir dor no peito /mas continuar a correr / fazer cara feia / torcer o nariz / mas ler, gostar,  pedir bis / repetir a rotina sem ser redundante / mas ainda assim achar interessante / sinta-se num cofre de banco / sinta-se em Madureira / sinta-se num armário embutido /sinta-se na Rio Branco / Mas sair do lugar comprimido / e ser livre sem medo do risco / Pois risco de poeta é poesia/ e com ela é que a gente é feliz.    

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