terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O QUE TE IMPORTA?


É interessante ver que temos centenas de milhares de analistas em diversas áreas. São juízes, economistas, articuladores, cientistas políticos, líderes de minorias das mais diversas causas, nutricionistas, entendidos em segurança pública, críticos de cinema, ombudsman da imprensa escrita, falada e televisiva, autoridades em mídia, especialistas em insultos e ódio de maneira geral.

Tenho tido algum cuidado, evitando comentários sobre determinados assuntos somente para evitar conflitos intermináveis. Hoje as opiniões não são bem vindas e os "especialistas genéricos" surgem de onde você menos espera, saindo das tocas como francesinhas de madrugada na cozinha, para atacar qualquer coisa que seja diferente do pensam. Já fui chamado até de "Coca sem gás", ao que respondi "Feio-chato-bobo-e-mora-longe !".

O que era para ser algo como uma interjeição mental, pessoal e intransferível, acaba virando um debate sem fim sobre qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo! Parece o pôquer interminável do Veríssimo. 

Muitas vezes o assunto é tão raso, pueril que a retirada sem maiores explicações é a alternativa. Eu mesmo, acho que durante uns trinta ou quarenta dias, me meti em brigas virtuais sem fim, pé ou cabeça; bombardeando e sendo bombardeado como em uma verdadeira guerra, sentado na cadeira e tomando guaraná. No fim do dia - sim, pois o bate tecla se estendia durante todo o dia - regozijava-me de ter dado a última palavra. Meu prazer era ser articulado o suficiente para não deixar dúvidas que eu tinha razão. Um "paspalho com princípios".

Pergunto para mim se tudo que se comenta com tanta autoridade, consumindo um tempo que não temos, realmente nos afetam ou têm a importância que eventualmente julgamos ter.

As manchetes dos últimos dias dão conta de balas perdidas que acharam crianças por aqui; balas encontradas em um traficante do outro lado do planeta criaram um burburinho chato e sem sentido; cartunistas exageraram e foram assassinados; terroristas fizeram pior e foram mortos; guerrilhas praticam genocídios e acumulam corpos na África, entre dezenas de polêmicas internacionais. Paralelamente, aqui nas terras de Vera Cruz, os preços sobem, os impostos sobem, os juros sobem, desmentindo discursos demagógicos das últimas campanhas eleitoreiras. 

Já não vimos tudo isso? "A história se repete mas a força deixa a história mal contada..." Assim diz a canção.

Olho tudo isso e vejo que as opiniões são convertidas, catalogadas e guardadas em zettabytes nos milhões de servidores mundo afora e esquecidas dias depois. A opinião pública está sendo armazenada. E esta é a forma de descarte, assim como as próprias notícias. O que escrevo agora, vai sumir na poeira da rede. 

Só as pessoas ficam. Por enquanto.

Melhor levantar da cadeira.

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