“Me dá um pedaço?”
Ele acabava de sentar no banco de
cimento que circundava toda a quadra da escola.
Uma multidão de alunos descia as
escadas, passava por um largo corredor e chegava ao pátio. À direita a cantina
e em frente, a quadra. Camisas brancas com o símbolo da escola. Os garotos
espalhavam-se na quadra montando uma improvisada partida de futebol, o que era
proibido no intervalo, driblando os adversários e gente com copos de
refrigerante, sacos de biscoito e sanduíches nas mãos. As garotas juntavam-se
em pequenos grupos em falatórios paralelos que por vezes faziam duvidar que
suas interlocutoras se fizessem entender.
Na sua distração costumeira, nem
percebera que sua colega de classe sentara ao seu lado. Ele Havia comprado um pacote
de chicletes, desses cuja goma se estica e o formato parece com um pequeno
lápis. Ele havia mordido em dois grandes pedaços e acabara de coloca-lo na
boca, deixando o papel ao seu lado no banco. Precisava aproveitar; na semana
seguinte iria colocar um aparelho dentário.
“Me dá um pedaço?”
Como, se acabara de começar morder
todo o conteúdo da embalagem?
“Mas eu só tinha es...”
“Eu quero esse que você esta
mastigando!”
Como assim? – Pensou. Olhou bem para o rosto da menina que sorria simpática
sem mostrar os dentes. O que ela queria? Que ele tirasse o chiclete mascado e desse
a ela? Esse pensamento o deixou atordoado. Sua timidez que o acompanhava desde
o jardim da infância não permitira que conseguisse se aproximar das garotas. Na verdade ainda nem pensava muito nisso. Enquanto
seus colegas de classe já haviam ao menos beijado algumas meninas, ele
permanecia um BV – boca virgem. Imagine: BV aos 13!
“É que eu não tenho out...”
A menina colocou os dedos em sua
boca durante dois segundos. Em seguida retornou com o indicador em
seus próprios lábios pedindo silêncio. Sorriu franzindo os lábios púberes ligeiramente
e aproximou sua boca da dele colocando suas delicadas mãos em seu rosto. Sua
fenda bucal encontrou-se com a dele em um beijo sabor morango. Sua língua tocou
a dele ternamente, trocando carícias por alguns segundos. O chiclete finalmente passou para a
boca da menina. Ela findou o beijo, abrindo os olhos e mascando por
duas ou três vezes, absorvendo o gosto da goma e o da saliva dele. Sorriu ainda
sem mostrar os dentes e com as pontas dos dedos pegou o chiclete.
“Língua!” Ordenou.
Ele abriu a boca mostrando a língua rosada. Ela recolocou o chiclete e ainda com a ponta dos dedos levantou o queixo do garoto.
Ele abriu a boca mostrando a língua rosada. Ela recolocou o chiclete e ainda com a ponta dos dedos levantou o queixo do garoto.
“No final da aula eu quero mais
chiclete!” - levantou do banco de cimento e foi embora atravessando o pátio.
Até hoje, aos trinta e cinco, ele anda sempre com uns chicletes no bolso.
Sabe-se lá...
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