segunda-feira, 21 de junho de 2021

DIVERGÊNCIAS

"Você anda quieto demais", me disseram dia desses. Levei em consideração como um elogio. Quem aquieta ouve. Quem só grita não percebe os sons ao seu lado. E o debate só tem sentido quando o tema abordado não é uma mentira ou estupidez. 

Li um texto do Anderson França - busca no FB, o texto é bom - jornalista que hoje vive fora do Brasil, em subemprego na Europa, e de quem vez por outra, compartilho outras percepções mais exaltadas ou verborrágicas. O texto dava parabéns ao ex-presidente FHC por seu aniversário, mesmo ele sendo divergente a seu governo e tendo falado ao próprio, durante uma entrevista, que chegou a levar um ovo para jogar em sua cabeça quando ainda era estudante em determinada ocasião. Tempos depois o já ex-presidente aceitou um convite para participar voluntariamente de uma palestra promovida pelo jornalista em apoio à um evento na Maré. Até hoje ele diverge muito, mas respeita. Dialoga. Esse texto me fez pensar sobre o parágrafo que escrevi acima.

Há os que compartilham de um senso comum; os que estão "fechados" em uma bolha prestes a sufocar sem perceber; e ainda há aqueles(as) cuja pesquisas recentes definiram como a "Glória Pires no Oscar" - lembram dela, não?!

Todos parecem estar em trincheiras com três metros de altura. As granadas explodindo, os foguetes passando por cima e ninguém se ouve, só às explosões e gritos.

Talvez um minuto de silêncio para cada mil pessoas mortas pela peste fará com que todos ouçam primeiro a si mesmos e reflitam palavra por palavra do que dizem.
Se essas palavras fazem sentido com a pessoa que você era - seus valores, respeito à vida, dignidade e fraternidade -  ou hoje é só uma repetição imbecil do que te mandaram pelo WhatsApp ou de algum tiozão idiota que vomita em redes sociais, pois você sente cansaço, tristeza e preguiça demais para pensar e a forma de conceber uma ideia é conceder que o outro responda por você. Isso te dá o sentimento de pertencer a algum lugar, gritando o que te mandaram, mesmo que você não concorde muito com o que grita e que esse lugar nem seja tão legal assim. 

Veja, a proposição não é pensar igual a este ou àquele, mas simplesmente pensar, e desta vez por si mesmo(a). Nesses tempos barulhentos e estranhos, tenho parado e não tenho reconhecido muita gente. O que é uma pena. 
Quando esse silêncio e reflexão forem feitas, talvez eu consiga parar e conversar, mesmo que sejamos divergentes.

Este não é o momento.

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