sábado, 29 de abril de 2017

MARACANÃ

Segundas-feiras sempre tem aqueles minutinhos que você troca uma ideia sobre o final de semana. Quem gosta de bola, fala  sobre o jogo, bota pilha, provoca quem perdeu, brinca com quem é da própria torcida,...
Nesse papo sem compromisso, alguém comentou que fim de semana passado, o Edmundo, hoje comentarista da Fox, chorou por estar no Santiago Bernabeu lotado, esperando Real e Barça se enfrentarem. Oh! Oitenta mil espectadores.
Fiquei pensando quando eu ia ao Maracanã a pé, moleque, sozinho, escondido da minha mãe, com dez pratas no bolso pra pegar uma geral e assistir Flamengo e, sei lá: Inter, Curitiba, Santos,... Enfim, jogo de uma torcida só. E olhava lá para cima na arquibancada ou para atrás nas cadeiras, e depois de torcer muito, pois não éramos espectadores, mas torcedores, e uma voz quase incompreensível, num alto falante tosco, pior do que da igreja, lá pelos trinta e cinco do segundo tempo anunciava sessenta, setenta, oitenta mil no estádio. Naquele época , arena era coisa de luta livre ou do filme do Ben Hur.
O tesão era outro. A gente ria, gritava, elogiava a mãe do bandeira. No gol, abraçava seu mais novo amigo de infância. Tomava banda da torcida adversária. Jogava chinelo no banco do treinador burro e mais burro ainda, ia descalço pra casa.
Mas os tempos são outros. Hoje um cara chora num país que não é o seu, trabalhando e sendo bem pago pra assistir a times pelos quais nunca jogou, se identificando com uma história que não é a sua.
Na boa, Edmundo, vai buscar o chinelo. Um dia você acha graça.

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