sábado, 2 de fevereiro de 2019

A SUA FÉ

Meu primeiro livro foi baseado em um tema específico: fé.

Nunca mais escrevi sobre isso. O texto fala sobre um cara que durante sua vida acaba cometendo os ditos sete pecados capitais. É alguém aparentemente incrédulo, mas descobre sua fé a partir de um fato corriqueiro. Realismo fantástico no formato de novela.

Diferente do personagem que criei, entendo-me cético quanto a existência de qualquer divindade. Não concebo milagres. Não creio em "livramentos". Não compartilho credos ou louvaminhas as quais considero inúteis. Se eventualmente digo em uma situação de stress "meu deus do céu" ou "nossa mãe (do céu céu)", não é por apego à qualquer fé, mas uma interjeição que substitui palavrões cordiais, tipo "porra, que merda" ou um "caraaaajo". É mais educado, por assim dizer. Saiba que se um avião estiver passando por uma turbulência, vou estar xingando o controlador de vôo, o tempo, um urubu qualquer, o piloto, alienígenas, sei lá, e não rezando um pai nosso.
Entretanto, e é fato, brigo pelo direito de qualquer um a ter a fé que deseje ter. Ou que deseje não ter fé nenhuma.

Religiões são parte da cultura de cada povo. Sincréticos como as religiões de origem africana.
Monoteístas como judeus, cristãos e muçulmanos. Panteístas como os indianos.
Pastafarianos galhofeiros ; é, talvez eu seja pastafariano. 

Se você nascesse numa gruta nas Ilhas Fiji e quisesse crer no espírito dos ossos do cação do arquipélago que você acabou de pescar e comer, não seria mais nem menos que o sujeito que vai à igreja uma vez por semana em busca de milagres. Como você nasceu no Brasil, é provável você siga uma religião cristã, como a maioria da população.

Religiões, para a grande massa, servem como alívio na trajetória individual. Assim como certos remédios, o que faz a diferença é a dose.

Ah, então você é ateu?

Hoje respondi que era agnóstico, meio sem convicção, só para não alongar o assunto. Agora, de bobeira, vou explicar, como expliquei para minha filha de treze anos.

Caríssimos, não creio que um deus qualquer intervenha no que quer que seja neste sistema solar ou nas bilhões de galáxias universo afora. Isso se estuda em astronomia.

Não creio que haja um plano divino quando um raio caia na cabeça de alguém na praia. Isso se estuda em física.

Não creio que um deus qualquer esteja preocupado com a criança que foi abusada por bandidos enquanto estudava em casa. Isso é crime e seu remédio, justiça. Seja lá qual for: o código penal, o código Hamurabi,... 

Minhas dúvidas filosóficas são semelhantes às de Saramago em  "Caim". Como pode um deus bom aniquilar cidades em que existam inocentes. Aquela bala perdida não poderia ir vinte centímetros para cima? Aquele motorista não poderia ter parado no acostamento antes de dormir só ao volante? O mar revolto não poderia estar manso enquanto os refugiados navegavam.

Que curioso deus do bem, do amor, da misericórdia, que é onisciente, onipresente e potente mas não acode os inocentes e deixa impune os culpados?
Mas isso faz parte do MEU pensamento. Você deve fazer o que quiser. O que sentir que lhe faz bem. Ok?! 

Quando dizem que oram por mim ou desejam que deus me proteja, fico lisonjeado e agradecido pelo bem querer daquela pessoa. Mesmo que a vezes seja só um lugar comum. Não a proteção de um deus qualquer.
Não julgo sua fé. Só não a compartilho. Não contesto seu direito de tê-la e se for necessário, brigarei pelo direito de você professá-la.

Amém.

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