sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
POLLY (miniconto)
Os projetos andam, mesmo que arrastando o solado no asfalto, andam. Segue um mini-conto dos que estão em elaboração para o novo livro. Usei o nome de uma amiga virtual para elaborá-lo. Espero que ela não fique chateada comigo...
Polly
Eu fico aqui inventando historinhas.
Bois das caras pretas. Donas Chicas admiradas. Meninos Maluquinhos rondam minha
cabeça enquanto escrevo. Os bois vão dormir, eu não. A criançada até fica feliz
mas meus livros ficam ali largados no canto da creche. Doei alguns exemplares.
Ligaram para mim. “Seu Ramon”
Detesto que me chamem “Seu Ramon”. O “Seu” só fica bom no Jorge. Seu Jorge. São
Gonçalo. O "Seu Ramon", fica parecendo que sou velho. Estou ficando,
mas não preciso parecer. “O senhor pode vir buscar a Pollyana agora? Aconteceu
um probleminha.” Perguntei meio assustado o que tinha acontecido. “Ela está
ótima. Nada com a saúde dela. Só precisamos que o senhor venha aqui agora”.
Toquei a campainha do portão e
uma dona baixinha veio atender. Se me chamam de “Seu” chamo ela de
“Dona”. “Seu Ramon, por favor o senhor poderia vir conosco.” Atravessei o pátio
e a Polly estava sentada sozinha numa cadeirinha de madeira numa área coberta
da creche. “Oi pai !” Gritou de lá. Espalmei a mão e sussurrei abrindo a boca
para a ela ler nos meus lábios “Peraí”.
Passei pelo corredor de murinho
baixo e envidraçado na altura do meus ombros onde ficam as crianças pequenas.
Algumas estavam deitadinhas em colchonetes descansando. Aí ! Pisei num Lego.
Doeu. A sola do mocassim é fina.
Entrei na sala dela e tinha uma
mulher abaixada fazendo dengo com no filho - um ruivinho com a camisa do
DeadPool. “Seu Ramon, essa é a mãe do Tomás” “Dona Estela, o nome dele é
Thomas” Ela caprichou com a língua na ponta dos dentes. “Seu Ramon a Pollyana
tem estado impossível esses dias. Canta alto acordando as crianças menores,
pega os brinquedos e não empresta para o coleguinha, rabiscou a parede do salão
dizendo que era uma artista como o pai. E hoje, Seu Ramon, ela mordeu o pescoço
do Tômas, coitado...” “Thomas...” Falei que podia deixar que eu ia ter uma
conversa séria com ela. Imagine, fazer bagunça e ainda morder o pescoço do
Tômas” “Th...”
Olhei para o chão e lá estava “As
aventuras do Gato Chani”. Era pra ser
Chaninho. Rasgaram parte da capa do meu livro.
Saí da sala e minha filha estava
do lado de fora de mochilinha nas costas com as bochechas rosadas. “Dá mão”
disse. Fomos para o carro. Coloquei ela no buster e prendi com o cinto. Assim
que fechei minha porta ela danou a falar com aquela voz rouquinha de quem tomou
gelado: “Pai, a tia Estela me colocou de castigo mas eu disse que a culpa não
era minha que Tomás é bobo de galocha que só fala besteira e me empurrou aí eu
mordi ele e ela disse que precisava falar com você que eu estava impossível e
isso não é verdade pai, pois eu sou uma pessoa possível...” Aí eu ri. Ela não
viu. Pedi que ela me dissesse o que aconteceu. "Foi ele pai. Ele falou que
o seu livro é idiota que fala de um gato “escorosado” e de uma menina estúpida.
Aí eu fui tomar o seu livro dele e ele puxou com força e rasgou a capa e eu
disse que isso não ia ficar assim que eu ia falar com você ai ele jogou o livro
em mim e e eu fui lá e mordi o pescoço dele” “Tá bom Polly. A gente conversa
direito quando chegar em casa”.
Mirei no retrovisor e ela olhava
lá fora. Minha filha é muito fofa.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
OS DEFINITIVOS
É
interessante quando você encontra alguém na Internet que adora conflito.
Não
recrimino. Já fui assim por uns 30, 40 dias, acho. Faz uns cinco anos, talvez.
Olhando de
fora, vejo o quanto é ridículo querer fazer com que o outro seja convencido
pelos argumentos mais furiosos que seu intestino grosso pode ofertar.
Imagino o sujeito
sentado no sanitário com raiva de ser contrariado e desejando impor sua opinião
como se não houvesse amanhã e como se sua postagem fosse resolver
definitivamente todos os problemas locais, nacionais e
internacionais. Momento
para ser “eternizado”.
A casa do
sujeito deve ser um brinco. As contas devem estar todas em dia. A louça?! Ah, a
louça é auto-higienizada. Sapatos polidos. Talco no bumbum. A grama muito mais
verde que a do vizinho.
Tudo porque
sua palavra foi a última num post do Facebook.
Profundo
como uma azeitona no dry martini.
O Leonardo
da Vinci da rede social.
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