domingo, 19 de outubro de 2014

OS BOIS


Passei os últimos dias só observando. Vi e ouvi enormes babaquices. 


A boiada caminhando tranquila pelo curral mugindo feliz para seus donos antes do abate. Coitados... É tal o barulho que fazem, tal o volume da baba que escorre pelas de suas bocas, que dá a impressão que apreciam um bom churrasco. Eu, como vou por outro rumo, fujo deste abate voluntário, quase cego, da boiada ruminante que espera pelo capim sacrossanto da politicagem nacional. Já disse que agradecer político é dar gorjeta no self-service. Um despropósito, Desperdício de energia. Problema seu concordar ou não.

A parte estes tempos de ficar escolhendo entre a marreta e a pistola de ar comprimido, ando pensando em coisas menos inoportunas e mais estimulantes.

Já reparou o quanto as pessoas são estimuladas voluntaria e involuntariamente a fazer o que outras pessoas fazem? Comprar as mesmas roupas. Andar pelos mesmos lugares. Pagar pelos mesmos serviços. Falar do mesmo jeito. Ouvir as mesmas músicas. Assistir aos mesmos programas. Usar os mesmos produtos... 

Aboletam-se nas redes vociferando as mesmas palavras de ordem. Comendo o mesmo capim... Ops, não vou voltar a esse mesmo reme-reme. Crianças brincam os mesmos jogos. Adultos praticam os mesmos esportes. Outros "Adultos" à mesa com seus Smartfones comendo frutinhas imaginárias e perdendo tempo precioso. Usam os mesmos perfumes. Vestem as mesmas roupas de zebras, guepardos, tigres, cobras - a homenagem à fauna africana é ilimitada: a savana é aqui ! Os cabelos esticam-se em litros de formol e pintam-se a pinceladas cor de cutia pelas ruas do Rio. 

Acho que a parte criativa do ser está sendo deixada de lado por um curte e compartilha sem fim. "Viu, como eu sou mais igual ao outro que você?!!"

Fico pensando em que época a gente se perdeu como indivíduo para virar "globalizado". Por falar no radical "global", uns que vão dizer que a culpa é da Globo - o discurso é o mesmo. Você não pensa por sua própria cabeça e a culpa é de uma emissora de TV ! Só rindo. 

Em que momento o cara da minha esquina quis fazer a mesma idiotice que outro cara há mil e quinhentos quilômetros fez e postou na internet para zoar seu primo? Em que momento o "mirradinho" quis comprar a mesma ilusão de silicone que um mané em Taiwan coloca  dentro da cueca para parecer dois centímetros mais fodão. Ou que pular em tachinhas e postar no YouTube se tornou ato de rebeldia grupal e não uma imensa burrice? Em que momento as pessoas começaram a acompanhar a vida dos outros pela Internet como se as vidas fossem suas ?

Hoje vejo uma neurastenia viral ou um abobalhamento em frente ao espelho, onde o outro quer ser reflexo do reflexo, do reflexo... 

Seria bom que os hemisférios se falassem e encontrassem uma solução média entre a lógica e a criatividade. 

Mas, sei lá... Em outros tempos a moda não era moda. As cabeças pensavam por si mesmas. E talvez os pastos fossem mais verdes...






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